Fico muito feliz em poder compartilhar o dia de meu aniversário com as pessoas que tanto quero bem.
Para ver todos meus clips no youtube , siga o link:
http://www.youtube.com/user/vmpradorj
Feliz ano novo a todos.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
domingo, 9 de dezembro de 2012
Histórias de Natal
O Grupo Descortinando Histórias está promovendo mais um evento.
Venham participar!
http://www.descortinandohistorias.com.br/noite-feliz.html
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quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Um dia Histórico
Em seu artigo "A História do Brasil", Dr. José Maria Paranhos do Rio Branco, o Barão do Rio Branco,começou assim escrevendo há muitos anos:
"A nossa história é cheia de emocionantes epsódios, de dúvidas que despertam e prendem a curiosidade, de lendas poéticas que seduzem e de problemas cuja solução desafia a sagacidade do estudioso"...
"" Um ilustre poeta inglês prestou um imenso e enestimável serviço a nós todos, escrevendo uma notável História do Brasil. Meditando a nossa história, Roberto Southey ficou compenetrado da importancia e do valor futuro do nosso Brasil. E, ao terminar a sua grande obra, diz-nos que escolheu esta grande tarefa "na sua virilidade madura e que a propôs como objeto de uma vida dedicada à literatura, no que esta tem de mais elevado e dígno." E isto fez aquele estrangeiro ilustre, porque, como ele próprio o diz, ficou convencido, ao estudar os trabalhos dos fundadores do Brasil, "que das empresas desses homens obscuros surgiram consequências mais amplas e provavelmente mais duradouras que as conquistas de Alexandre e Carlos Magno." "(*)
(*) Trecho do artigo "A História do Brasil", escrito por Eduardo Prado, em sua "Coletâneas" - Vol. III, S.Paulo - Escola Tipográfica Salesiana - 1906.
O artigo "A História do Brasil" escrito por Barão do Rio Branco foi retirado do capítulo VII - História e Geografia - do livro Antologia Brasileira - Coletânea em prosa e Versos dos Escritores Nacionais de Eugênio Werneck -sexta edição - 1916, páginas - 357/361).
Hoje, todos nós brasileiros, comemorando a Proclamação da República, sentimos o mesmo orgulho desses ilustres homens.
Como não poderia deixar de homenagear este dia tão importantes para todos nós, leiam o Hino a Proclamação da República, escrito por Medeiros e Albuquerque e música de Leopoldo Miguez.
Estou colocando-o também em homenagem ao meu pai Prof. René de Deus Vieira que foi o maior patriota que conheci.
Hino da Proclamação da República
Seja um pálio de luz desdobrado
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel, que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperança de um novo porvir!
Com visões de triunfo embale
Quem por ele lutando surgir!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua vóz!.
Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre país...
Hoje o rubro lampejo de aurora
Acha irmãos, não tiranos hostís.
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte, que, puro,
Brilha, ovante, da Pátria no altar!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua vóz!.
Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue no nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos;
É de amor nossa força e poder,
Mas da guerra nos transes supremos
Hei de ver-nos lutar e vencer!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua vóz!.
Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado
Sobre as púrpuras régias de pé!
Ei-a, pois, brasileiros, avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso país, triunfante,
Livre terra de livres irmãos!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua vóz!.
José Joaquim de Campos da Costa de Mediros e Albuquerque, nasceu em Recife - PE em 4 de setembro de 1867. Morreu no Rio de Janeiro - RJ em 9 de junho de 1934.
Prosador, poeta e jornalista . Escritor reputado pela sua erudição e pelo seu belo talento, Medeiros e Albuquerque tem publicado: Canções da Decadência (1883 - 1887); Pecados (1887-1888); O Remorso ( 1889); Um Homem prático (1898); Mãe Tapuya (conto); Poesias - ed. definitiva e Em voz alta, conferência. É autor do Hino da República, música de Leopoldo Miguez.
Medieros e Albuquerque tem redigido vários jornais e colaborado em muitos outros. Representou na Câmara Federal seu Estado natal. Foi diretor Geral da Instrução pública no Distrito Federal.
Pertenceu à Academia Brasileira , cadeira José Bonifácio, o moço.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
A Vingança da Porta
Um Soneto que meu pai também recitava.
Era um hábito antigo que ele tinha:
Entrar dando com a porta nos batentes.
__ Que te fez esta porta? A mulher vinha
E interrogava. Ele, cerrando os dentes:
Nada! Traze o jantar. __ Mas à noitinha
Calmava-se; feliz, os inocentes
Olhos revê da filha e a cabecinha
Lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.
Uma vez, ao tornar à casa, quando
Erguia a aldraba, o coração lhe fala:
__ Entra mais devagar... Para, hesitante...
Nisso nos gonzos range a velha porta,
Ri-se, escancara-se. E ele vê na sala
A mulher como doida e a filha morta!
Nota:
Na época em que meu pai estudava no ginnasial, era costume estas poesias, sonetos e poemas tristes. Mas eram um triste que nos ensinava alguma coisa.
Luiz Caetano Pereira Gumarães Júnior - pensador e poeta lírico dos mais estimados, tendo vindo do romantismo, foi desde a publicação dos Sonetos e Rimas, um perfeito parnasiano, não só pela expressão poética, como ainda pelo esmêro da forma e correção do verso: como Joséphin Soulary.
Luiz Guimarães cinzeia os seus sonetos com uma dexteridade maravilhosa.
Pertenceu a várias associações de letras e ciências estrangeiras e foi da Academia Brasileira de Letras, cadeira Pedro Luíz.
Bibliografia: Deixou, entre outros trabalhos: Corimbos, História para gente alegre, Filigramas, Contos sem pretensão, Noturnos, Sonetos e Rimas, Mont`Alverne, A. Carlos Gomes e outros perfis biográficos, etc.
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Era um hábito antigo que ele tinha:
Entrar dando com a porta nos batentes.
__ Que te fez esta porta? A mulher vinha
E interrogava. Ele, cerrando os dentes:
Nada! Traze o jantar. __ Mas à noitinha
Calmava-se; feliz, os inocentes
Olhos revê da filha e a cabecinha
Lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.
Uma vez, ao tornar à casa, quando
Erguia a aldraba, o coração lhe fala:
__ Entra mais devagar... Para, hesitante...
Nisso nos gonzos range a velha porta,
Ri-se, escancara-se. E ele vê na sala
A mulher como doida e a filha morta!
Nota:
Na época em que meu pai estudava no ginnasial, era costume estas poesias, sonetos e poemas tristes. Mas eram um triste que nos ensinava alguma coisa.
Luiz Caetano Pereira Gumarães Júnior - pensador e poeta lírico dos mais estimados, tendo vindo do romantismo, foi desde a publicação dos Sonetos e Rimas, um perfeito parnasiano, não só pela expressão poética, como ainda pelo esmêro da forma e correção do verso: como Joséphin Soulary.
Luiz Guimarães cinzeia os seus sonetos com uma dexteridade maravilhosa.
Pertenceu a várias associações de letras e ciências estrangeiras e foi da Academia Brasileira de Letras, cadeira Pedro Luíz.
Bibliografia: Deixou, entre outros trabalhos: Corimbos, História para gente alegre, Filigramas, Contos sem pretensão, Noturnos, Sonetos e Rimas, Mont`Alverne, A. Carlos Gomes e outros perfis biográficos, etc.
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O Velho Rei
Um conto de Olavo Bilac.
Houve, em tempos que já vão longe, um rei poderoso, senhor de muitos povos e muitas léguas de terras. Ainda que viajasse sem cessar por muitos e muitos anos a fio, não conseguiria ele correr todos os seus domínios. E todos os povos o temiam, porque era conhecido de todo mundo a fama das suas riquezas.
De mês, em mês, chegavam ao seu palácio os emissários dos súditos, trazendo-lhe, com as homenagens deles, os presente riquíssimos: marfim e pérolas, ouro e diamantes, sedas e rebanhos.
E os seus celeiros estavam tão abundantemente providos de grãos, que ele poderia, numa época de fome geral, abrindo-os a todos os seus vassalos, que não tinham conta, alimentá-los fartamente durante todo um ano.
Esse poder sem limtes e essa riqueza sem termo haviam embriagado a alma do velho rei. Já se não supunha homem, mas Deus. Tanta gente via a seus pés, adorando-o, que o seu coração se habituara a desprezar a humanidade, imaginando que ela só fora feita para o servir e temer. Só se lembrava dos súditos para os oprimir. Aumentava os impostos e alargava as prisões. E a sua mão direita, que tanta gente podia fazer feliz, distribuindo esmolas e bênçãos, somente servia para assinar sentenças de morte. Condenava à pena última cem homens sem ler ao menos os seus nomes. E, se os lia, esquecia-os dalí a um minuto, para só pensar na febre de festas e de loucuras, em que empregava as noites e os dias, e em que perdia a saúde e a alma.
E sucediam-se as festas. Do escurecer ao alvoorecer, seu palácio, imenso como uma cidade, suntuoso como um templo, resplandescente de luzes como um céu estrelado, ecoava com o barulho das danças, da música e do tinir dos copos.
Um dia, no explendido terraço, em que costuma dormir à sesta, o velho rei tinha diante de si uma lista de acusados. Não sabia nem queria saber quem eram, se eram inocentes ou criminosos, se tinham cometido alguma falta, ou se eram apenas homens ricos, cuja fortuna os seus ministros cobiçava. E preparava-se para, assinar a lista, quando se deteve a olhar um momento o filho mais moço, que brincava junto dele. Era um principezinho louro e branco, de olhos azuis e inocentes como os olhos de um anjo. Ajoelhado sobre o mosaico precioso, que ladrilhava o terraço, estava inclinado para um aquário, e divertia-se vendo dentro dele os peixes dourados que nadavam. O velho rei, com o sorriso que lhe iluminava as barbas, ficou mirando com amor a criança, tão bela e tão casta, filha do seu sangue e da sua alma. E tinha, esquecida na mão a pena fatal, de cujo bico pendia a vida de tantos homens...
De repente, o principezinho teve uma exclamação aflita. O rei viu-o curvar-se mais sobre o aquário, e meter-se na água as mãozinhas ansiosas. E a criança veio para ele, segurando com a ponta dos dedos alguma cousa que não via, de tão pequena que era.
__ Olha, Pai! Salvei-a! Ia afogar-se... Salvei-a!
O velho rei curvou-se para ver o que o filho trazia na mão. Era uma mosca feia, negra, pequenina, miserável, nojenta. Tinha as asas molhadas e não podia voar. O principezinho colocou-a na palma da mão microscópica, e virou-a para o lado do sol. Daí a pouco a mosca reanimou-se e voou. A criança batia palmas:
__ Não fiz bem, Pai? Não é um crime deixar morrer uma criatura qualquer por falta de piedade, Pai? Disseram-me que há homens que se matam uns aos outros... Pai? Como é que se pode ter a maldade de matar um homem? __ E o principezinho fixava no velho rei os seus olhos azuis e inocentes como os de um anjo.
Nessa tarde o velho rei não assinou nehuma sentença de morte.
- Do livro Contos Pátrios (para as crianças) __ Francisco Alves & Comp.
.........
- Este conto eu o copiei do livro: Antologia Brasileira - Seleta em Prosa e Verso de Escritores Nacionais - 1948
de Eugênio Werneck -26a. edição. - Livraria Francisco Alves
domingo, 11 de novembro de 2012
O Garoto
Papai gostava muito desta poesia.
Ei-lo de pé na calçada mui lampeiro,
A ponta de um cigarro apreciando;
Tem nos lábios um sorriso prazenteiro,
Enquanto a baforada vai tragando.
Não tem pai, não tem mãe, não tem dinheiro,
Trabalha pouco e vai assim vagando
Sem destino, na rua o dia innteiro,
A fome a privação acalentando.
Roto chapéu, calças remendadas,
Fundas olheiras, faces encorvadas
dorme na pedra e sempre assim o vejo.
Mas muitas vezes quando em altas noites
A tiritar sozinho, chora o garotinho,
com saudades do materno beijo.
Observação:
Meu pai recitava sempre esta poesia, mas não sei qual é o seu autor,
nem em qual livro foi publicada. Se alguém souber, me conte; ficarei muito feliz.
Ei-lo de pé na calçada mui lampeiro,
A ponta de um cigarro apreciando;
Tem nos lábios um sorriso prazenteiro,
Enquanto a baforada vai tragando.
Não tem pai, não tem mãe, não tem dinheiro,
Trabalha pouco e vai assim vagando
Sem destino, na rua o dia innteiro,
A fome a privação acalentando.
Roto chapéu, calças remendadas,
Fundas olheiras, faces encorvadas
dorme na pedra e sempre assim o vejo.
Mas muitas vezes quando em altas noites
A tiritar sozinho, chora o garotinho,
com saudades do materno beijo.
Observação:
Meu pai recitava sempre esta poesia, mas não sei qual é o seu autor,
nem em qual livro foi publicada. Se alguém souber, me conte; ficarei muito feliz.
sábado, 10 de novembro de 2012
A Flauta e o Sabiá
Em rico estojo de veludo, pousado sobre uma mesa de xarão, jazia uma flauta de prata.
Justamente por cima da mesa, em riquíssima gaiola, suspensa do teto, morava um sabiá.
Estando a sala em silêncio e descendo um raio de sol sobre a gaiola, eis que o sabiá, contente, modula uma volata. Logo a flauta escarninha põe-se a casquinhar no estojo, como a zombar do módulo cantor, silvestre.
__ De que te ris? Indaga o pássaro. E a flauta, em resposta:
__ Ora esta! Pois tens coragem de lançar tais guinchos diante de mim?
__ E tu quem és, ainda que mal pergunte.
__ Quem sou? Bem se vê que és um selvagem. Sou a flauta. Meu inventor, Marsias, lutou com Apolo e venceu-o, por isso o deus, despeitado, imolou-o. Lê os clássicos.
__ Muito prazer em conhecer... Eu sou um mísero sabiá da mata. Pobre de mim! Fui criado por Deus muito antes das invenções. Mas deixemos o que lá foi.
Dize-me: que fazes tu?
__ O ofício rende pouco. Eu que o diga que não faço outra coisa. Deixarei, todavia, de cantar __ e antes nunca houvesse aberto o bico, porque, talvez, sendo mudo não me houvessem escravizado __ Si, ouvindo a tua voz, convencer-me de que és superior a mim. Canta! Que eu aprecie o teu gorjeio e farei como for de justiça.
__ Que eu cante...?!
__ Pois não te parece justo o meu pedido?
__ Eu canto para regalo dos reis nos paços, a minha voz acompanha os hinos sagrados nas igrejas. Ao rítimo dos meus delicados trilhos bailam as damas, guiam-se as endeixas das serenatas de amor, ao luar. O meu canto é a harmoniosa inspiração dos gênios ou a rapsódia sentimental do povo.
__ Pois venha de lá esse primor. Aqui estou para ouví-lo e para proclamarte, sem inveja, a rainha do canto.
__ Isso agora não é possível.
__ Não é possível! Porque?
__ Não está cá o artista.
__ Que artista?
__ O meu senhor, de cujos lábios sai o sopro que transformo em melodia. Sem ele nada posso fazer.
__ Ah! É assim...?
__ Pois como há de ser?
__ Então, minha amiga __ modéstia à parte __ vivam os sabiás! Vivam os sabiás e todos os pássaros dos bosques, que cantam quando lhes apraz, tirando do próprio peito o alento com que fazem a melodia. Assim, da tua vanglória há muitos que se ufamam. Nada valem si os não amparam, não cantam si lhes não dão sopro, não si os não empurram. O sabiá voa e canta __ vai à altura porque tem asas, gorjeia porque tem voz. E sucede sempre serem os que vivem do prestígio alheio, os que mais alegam triunfos. Flautas... Flautas... Cantas nos paços e nas catedrais... Pois vem daí a um duelo comigo.
E, ironicamente, a toda voz, pos-se a cantar o sabiá e a flauta de prata, no estojo de veludo... moita! Faltava-lhe o sopro.
Fabulário - Porto - 1907 - Livraria Chardron, Lelo & Irmão.
Recontada por Coelho Neto no livro Antologia Brasileira - Seleta em Prosa e Verso de Escritores Nacionais- Professor Eugênio Werneck
Edição atualizada - 26a. Edição - 1948
Livraria Francisco Alves - Editora Paulo de Azevedo Ltda - Rio de Janeiro - RJ
Conservei a originalidade do texto como Coelho o escreveu.
Justamente por cima da mesa, em riquíssima gaiola, suspensa do teto, morava um sabiá.
Estando a sala em silêncio e descendo um raio de sol sobre a gaiola, eis que o sabiá, contente, modula uma volata. Logo a flauta escarninha põe-se a casquinhar no estojo, como a zombar do módulo cantor, silvestre.
__ De que te ris? Indaga o pássaro. E a flauta, em resposta:
__ Ora esta! Pois tens coragem de lançar tais guinchos diante de mim?
__ E tu quem és, ainda que mal pergunte.
__ Quem sou? Bem se vê que és um selvagem. Sou a flauta. Meu inventor, Marsias, lutou com Apolo e venceu-o, por isso o deus, despeitado, imolou-o. Lê os clássicos.
__ Muito prazer em conhecer... Eu sou um mísero sabiá da mata. Pobre de mim! Fui criado por Deus muito antes das invenções. Mas deixemos o que lá foi.
Dize-me: que fazes tu?
__ O ofício rende pouco. Eu que o diga que não faço outra coisa. Deixarei, todavia, de cantar __ e antes nunca houvesse aberto o bico, porque, talvez, sendo mudo não me houvessem escravizado __ Si, ouvindo a tua voz, convencer-me de que és superior a mim. Canta! Que eu aprecie o teu gorjeio e farei como for de justiça.
__ Que eu cante...?!
__ Pois não te parece justo o meu pedido?
__ Eu canto para regalo dos reis nos paços, a minha voz acompanha os hinos sagrados nas igrejas. Ao rítimo dos meus delicados trilhos bailam as damas, guiam-se as endeixas das serenatas de amor, ao luar. O meu canto é a harmoniosa inspiração dos gênios ou a rapsódia sentimental do povo.
__ Pois venha de lá esse primor. Aqui estou para ouví-lo e para proclamarte, sem inveja, a rainha do canto.
__ Isso agora não é possível.
__ Não é possível! Porque?
__ Não está cá o artista.
__ Que artista?
__ O meu senhor, de cujos lábios sai o sopro que transformo em melodia. Sem ele nada posso fazer.
__ Ah! É assim...?
__ Pois como há de ser?
__ Então, minha amiga __ modéstia à parte __ vivam os sabiás! Vivam os sabiás e todos os pássaros dos bosques, que cantam quando lhes apraz, tirando do próprio peito o alento com que fazem a melodia. Assim, da tua vanglória há muitos que se ufamam. Nada valem si os não amparam, não cantam si lhes não dão sopro, não si os não empurram. O sabiá voa e canta __ vai à altura porque tem asas, gorjeia porque tem voz. E sucede sempre serem os que vivem do prestígio alheio, os que mais alegam triunfos. Flautas... Flautas... Cantas nos paços e nas catedrais... Pois vem daí a um duelo comigo.
E, ironicamente, a toda voz, pos-se a cantar o sabiá e a flauta de prata, no estojo de veludo... moita! Faltava-lhe o sopro.
Fabulário - Porto - 1907 - Livraria Chardron, Lelo & Irmão.
--xx--
Recontada por Coelho Neto no livro Antologia Brasileira - Seleta em Prosa e Verso de Escritores Nacionais- Professor Eugênio Werneck
Edição atualizada - 26a. Edição - 1948
Livraria Francisco Alves - Editora Paulo de Azevedo Ltda - Rio de Janeiro - RJ
Conservei a originalidade do texto como Coelho o escreveu.
Soneto
Este meu
pai recitava bastante. Ele gostava muito..
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão,
pai de Rachel, serrana bela
Mas não
servia ao pai, servia a ela,
Que a ela
só por premio pretendia.
Os dias,
na esperança de um só dia,
Passava,
contentando-se com ve-la
Porém o
pai, usando de cautela,
Em lugar
de Rachel lhe deu a Lia.
Vendo o
triste pastor que com enganos
Assim se
lhe negava a sua pastora,
Como se
anão tivera merecida.
Dizendo:
Mais servíra, se não fora
Para tão
longo amor tão curta a vida.
- Cautela
: astúcia.
- Como
se não tivera merecido: No português arcaico era frequente a concordância
do particípio passado dos tempos compostos (com ter e haver) com o complemento
objetivo.
Ex: Os
favores que de ti tenho recebidos. As mercês que delle tenho recebidas.
- Servíra
-- Fora: em lugar de serviria, fosse.
Trecho da
obra de Camões, "Os Lusíadas", mais conhecido .
Meu pai recitava sempre.
"As armas e os
barões assinalados
Que, da ocidental praia lusita
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram.
.....
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte."
.....
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte."
Frase famosa de Camães:
"Amor é fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente."
Luís Vaz de Camões (1525-1580) foi poeta português. Autor do
poema "Os Lusíadas", uma das obras mais importantes da Literatura
portuguesa, que celebra os feitos marítimos e guerreiros de Portugal. É o maior
poeta do Classicismo português.
Luís de Camões (1525-1580) nasceu em Coimbra ou Lisboa, não
se sabe o local exato nem o ano de seu nascimento, supõe-se por volta de 1525.
Filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá e Macedo, ingressa no Exército da
Coroa de Portugal e em 1547 embarca como soldado para a África, participa da
guerra contra os Ceuta, no Marrocos, onde em combate perde o olho direito.
Em 1552, de volta à Lisboa frequenta tanto os serões da
nobreza como as noitadas populares. Numa briga feriu um funcionário real e foi
preso. Embarca para a Índia em 1553, onde participa de várias expedições
militares. Em 1556 vai para a China, também em várias expedições. Em 1570 volta
para Lisboa, já com os manuscritos do poema "Os Lusíadas", que foi
publicado em 1572, com a ajuda do rei D. Sebastião.
Luís de Camões é o poeta erudito do Renascimento, se inspira
em canções ou trovas populares e escreve poesias que lembram as cantigas
medievais. Revela em seus poemas uma sensibilidade para os dramas humanos,
amorosos ou existenciais. A maior parte da obra lírica de Camões é composta de
sonetos e redondilhas, de uma perfeição geométrica, sem abuso de artifícios,
tudo parece estar no lugar correto.
No século XVI, em todos os reinos católicos, os livros
deveriam ter a aprovação da Inquisição para serem publicados. Isso ocorreu com
"Os Lusíadas", conforme texto de frei Bartolomeu, onde comenta as
características da obra e ressalva que a presença de deuses pagãos não devem
preocupar porque não passa de recurso poético do autor.
Uma das amadas de Camões foi a jovem chinesa Dinamene, que
morreu afogada em um naufrágio. Diz a lenda que Camões conseguiu salvar o
manuscrito de Os Lusíadas, segurando com uma das mãos e nadando com a outra.
Camões escreve vários sonetos lamentando a morte da amada. O mais famoso é
"A Saudade do Ser Amado". Camões deixou além de "Os
Lusíadas", um conjunto de poesias líricas e as comédias "El-Rei
Seleuco", "Filodemo" e "Anfitriões".
Luís Vaz de Camões morre em Lisboa, Portugal, no dia 10 de
junho 1580, em absoluta pobreza.
Fonte:
Você está visualizando a biografia resumida de
Luís de Camões. Esta biografia foi atualizada em 13/09/2012.
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sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Sátiras e Epigramas
Papai sorria quando nos dizia estas Sátiras e Epigramas.
De algumas me lembro dele falando. De outras não me recordo.
125 - Epigrama- Menina a la moda - de Joaquim Manuel de Macedo
__ "Ai, Maria! vem depressa,
Desaperta este colete!
Eu me sufoco ... ai, já temo
Estourar como um foguete!"
__ "Nhanhãzinha está tão bela!
Mas, enfim, dá tantos ais..."
__ "Oh! espera! Estou bonita?
Pois então aperte mais".
121 - Epigrama - de Domingos José Gonçalves de Magalhães, (Visconde Araguaia)
__ É verdade que da Europa
Voltaste feito doutor?
__ Parece-te isto impossível?
É verdade, sim, senhor.
__ E por qual Academia?
E qual a ciência então?
__ Isso não sei: o diploma
É escrito em Alemão.
126 - Sátira - Um calvo pretencioso - de Laurindo Rabelo
Cabeça!... que desconsolo!
Cabeça!... fôrça é dize-lo:
Por fora não tem cabelo,
Por dentro não tem miolo.
128 - Epigrama - de Lúcio de Drumond Furtado de Mendonça
A natureza tem sanções felizes;
Rodeia o mal de penas pouco leves:
Assim, tu tens de ouvir tudo o que dizes,
E tens de ler também tudo o que escreves.
119 - Epigrama - de Gregório de Matos
A um esfaimado
(A um livreiro a quem acusaram de ter comido um canteiro de alfaces)
Levou um livreiro a dente
D`alfaces todo um canteiro,
E comeu, sendo livreiro,
Desencadernadamente;
Porém eu digo que mente
A quem disso o quer taxar;
Antes é para notar
Que trabalhou como um mouro,
Pois meter folhas no couro
Também é encadernar.
Sátira - A um procurador
Com tão má gambia andas tanto,
Tanto daqui para ali!
Procurador, não me enganas:
Tu procuras para ti.
Nota:
Gambia - corrupção de gamba, palavra italiana, que significa perna.
Sátira - A um avarento - de Francisco Manuel
Fábio, ao cair da noite húmida e fria,
Do chupado carão despe a alegria:
Não porque chore o sol, do dia enfeite;
Mas porque ascende a luz, que gasta azeite.
Sátira - A moléstia e a cura - de Franciso Manuel
Aqui jaz um homem rico
Nesta rica sepultura:
Escapava da moléstia,
Se não morresse da cura.
124 - Epigrama - de Pe. Correia de Almeida
Vossemecê inda ignora
Que eu sou um homem de bem?
__ Ficarei sabendo agora!
Que data a promoção tem?
123 -Epigrama -O doutor Saracura - de Pe. Correia de Almeida
O doutor Saracura
A curar começará:
Mas enquanto ele cura,
O doente não sara.
122 - Epigrama- A um galeno - de Pe. Correia de Almeida
Um galeno foi à caça;
Encontrou um passarinho;
__ Espera lá que eu te curo...
... E matou o coitadinho...
Observação:
Epigramas - Poesia breve, satírica. Dito mordaz e picante
Sátiras - Commposição poética que visa a censurar ou ridicularizar defeitos ou vícios.
Escrito picante ou maldizente.
S.Fig. Troça, zombaria
sábado, 3 de novembro de 2012
Pálida e Loira
Continuando com as poesias que meu pai recitava...
Morreu! deitada em seu caixão estreito
Pálida e loira, muito loira e fria,
Seus lábios tristíssimos sorriam
Como um sonho divinal desfeito.
Lírio que murcha ao despertar do dia
Foi repousar noseu derradeiro leito
Com as mãos de neves erguidas sobre o peito
Pálida e loira, muitoo loira e fria.
Tinha a cor das rainhas das Baladas
Das antigas monjas maceradas
No pequenino esquife em que dormia.
Veio a morte e levou-a em sua garra adunca
E nunca mais pude esquece-la! Nunca!
Pálida e loira, muito looira e fria!...
António Joaquim de Castro Feijó, poeta e diplomata português, nasceu 1 de Juhno de 1859, em Ponte de Lima, e morreu a 21 de junho de 1917, em Estocolmo. Deixou uma obra reveladora de tendências diversas, entre o Parnasianismo, o Romantismo, o Decadentismo e o Simbolismo, e influências ecléticas, que vão de Leconte de Lisle, Théodore de Banville e Gautier a Vítor Hugo, de Leopardi a Baudelaire, de Guerra Junqueiro a João Penha. Em 1883, forma-se em Direito na Universidade de Coimbra, onde tem por companheiros Luís de Magalhães, Manuel da Silva Gaio e Luís de Castro Osório, com quem viria a fundar, em 1880, a Revista Científica e Literária de Coimbra. De finais dos anos 70 até início da década de 90, colaborará em vários periódicos, como a Revista Literária do Porto, Novidades, Revista de Coimbra, Museu Ilustrado, O Instituto, Arte. Em 1882, publica o seu primeiro volume de poesias, Transfigurações, marcadas pela temática filosófica e pelo tom épico, que revelam um pessimismo e uma acusação nítida das imperfeições morais e sociais que o rodeiam. Seguem-se Líricas e Bucólicas (1884) e À Janela do Ocidente (1885), reveladoras de um lirismo mais depurado. Em 1886, ingressa na carreira diplomática, sendo primeiro cônsul no Brasil e depois ministro de Portugal em Estocolmo. Aí viria a desposar uma jovem sueca, Mercedes Lewin, cuja morte prematura influenciaria uma certa temática fúnebre patente na sua obra. No Cancioneiro Chinês (1890), coleção de poesias adaptadas a partir de uma versão francesa, revela o gosto pelo exotismo orientalista. Em Bailatas, obra publicada em 1907 sob o pseudónimo de Inácio de Abreu e Lima, parece ter a intenção de parodiar o Decadentismo, mas a verdade é que muitas dessas poesias atingem consonância com a própria sensibilidade simbolista. As suas últimas obras, particularmente a coletânea póstuma Sol de inverno, editada em 1922, espelham o lirismo sóbrio, o simbolismo depurado, os motivos melancólicos, outonais, e os temas da saudade e da morte, que são algumas das características da obra de António Feijó
Nota:
Esta poesia eu a copiei do livro de recordações - Páginas Seletas, de minha Serafina, do tempo em que ela estudava em Araxá - MG - 30.08.1937.
António Feijó. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-11-03].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$antonio-feijo,2>.
Morreu! deitada em seu caixão estreito
Pálida e loira, muito loira e fria,
Seus lábios tristíssimos sorriam
Como um sonho divinal desfeito.
Lírio que murcha ao despertar do dia
Foi repousar noseu derradeiro leito
Com as mãos de neves erguidas sobre o peito
Pálida e loira, muitoo loira e fria.
Tinha a cor das rainhas das Baladas
Das antigas monjas maceradas
No pequenino esquife em que dormia.
Veio a morte e levou-a em sua garra adunca
E nunca mais pude esquece-la! Nunca!
Pálida e loira, muito looira e fria!...
António Joaquim de Castro Feijó, poeta e diplomata português, nasceu 1 de Juhno de 1859, em Ponte de Lima, e morreu a 21 de junho de 1917, em Estocolmo. Deixou uma obra reveladora de tendências diversas, entre o Parnasianismo, o Romantismo, o Decadentismo e o Simbolismo, e influências ecléticas, que vão de Leconte de Lisle, Théodore de Banville e Gautier a Vítor Hugo, de Leopardi a Baudelaire, de Guerra Junqueiro a João Penha. Em 1883, forma-se em Direito na Universidade de Coimbra, onde tem por companheiros Luís de Magalhães, Manuel da Silva Gaio e Luís de Castro Osório, com quem viria a fundar, em 1880, a Revista Científica e Literária de Coimbra. De finais dos anos 70 até início da década de 90, colaborará em vários periódicos, como a Revista Literária do Porto, Novidades, Revista de Coimbra, Museu Ilustrado, O Instituto, Arte. Em 1882, publica o seu primeiro volume de poesias, Transfigurações, marcadas pela temática filosófica e pelo tom épico, que revelam um pessimismo e uma acusação nítida das imperfeições morais e sociais que o rodeiam. Seguem-se Líricas e Bucólicas (1884) e À Janela do Ocidente (1885), reveladoras de um lirismo mais depurado. Em 1886, ingressa na carreira diplomática, sendo primeiro cônsul no Brasil e depois ministro de Portugal em Estocolmo. Aí viria a desposar uma jovem sueca, Mercedes Lewin, cuja morte prematura influenciaria uma certa temática fúnebre patente na sua obra. No Cancioneiro Chinês (1890), coleção de poesias adaptadas a partir de uma versão francesa, revela o gosto pelo exotismo orientalista. Em Bailatas, obra publicada em 1907 sob o pseudónimo de Inácio de Abreu e Lima, parece ter a intenção de parodiar o Decadentismo, mas a verdade é que muitas dessas poesias atingem consonância com a própria sensibilidade simbolista. As suas últimas obras, particularmente a coletânea póstuma Sol de inverno, editada em 1922, espelham o lirismo sóbrio, o simbolismo depurado, os motivos melancólicos, outonais, e os temas da saudade e da morte, que são algumas das características da obra de António Feijó
Nota:
Esta poesia eu a copiei do livro de recordações - Páginas Seletas, de minha Serafina, do tempo em que ela estudava em Araxá - MG - 30.08.1937.
António Feijó. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-11-03].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$antonio-feijo,2>.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Professor René de Deus Vieira
Eis nosso amado pai - homenageado do mês
Patos de Minas - MG
Apesar da dor que ora nos consome, nossas palavras não poderiam ser outras, senão palavras de agradecimento.
... ainda na Folha Patense, na mesma data:
Sessão: 040.1.54.O - Data: 17/03/2011 - Hora: 14:54 - Fase: PE
José Humberto (PHS-RJ) lamentou o falecimento de Renê de Deus Vieira, professor de Patos de Minas. “O professor foi um exemplo de vida simples, amizade, sensatez e bondade. Ele fez da educação o seu sacerdócio, sempre acreditando no talento do ser humano”, afirmou.
Fonte: http://www.camara.gov.br
Mais reconhecimentos e homenagens . .
Nossa família recebeu muitas manifestações de carinho e consolo, em várias formas:
No cotidiano
Pronto para uma festa
Na aula da saudade
Na festa do casamento de seu neto, o Jr.,
com sua querida esposa Serafina
Durante sua permanência entre nós foi sempre agraciado com muitas homenagens:
- Diploma de Professor do Ano – 14.10.1971
- Diploma de Cidadão Patense- 04.05.1987
- Diploma de Mérito Profissional – 11.05.1990
- Diploma de Colaborador Emérito do Exercito em 25.08.1993
- Placa em homenagem
pelo trabalho desenvolvido na educação de Patos de Minas, recebida pelo Colégio Tiradentes 10/2006.
- Foi Paraninfo de turmas durante anos consecutivos.
- Recebeu muitas outras homenagens durante sua vida que postaremos de outra vez.
- Recebeu muitas outras homenagens durante sua vida que postaremos de outra vez.
No seu falecimento recebeu tantas homenagens que nos
emocionou:
FOLHA PATENSE: (Pagina
5)
Publicação em 12 de março de 2011 - Nº 933 - Ano 019Patos de Minas - MG
Apesar da dor que ora nos consome, nossas palavras não poderiam ser outras, senão palavras de agradecimento.
Primeiro a Deus, nosso Pai supremo e Senhor da vida, por ter
nos dado a graça de seu convívio por mais de 90 anos.
Aos familiares, amigos e ex-alunos pelas constantes
manifestações de apoio e carinho, que jamais serão esquecidas e que muito nos confortaram.
Agradecemos ainda as palavras fraternas do amigo e colega de
longa data, professor Oliveira Melo e da querida professora, vereadora e
sobrinha, Edimê Avelar. Saibam que vosso carinho muito nos emocionou.
Agradecemos de modo especial: a nossa Mãe, Serafina, a "Véia", companheira e amiga fiel por longos e inesquecíveis 67 anos. Sua perseverança na fé inabalável em Cristo Nosso Senhor, fez dela o esteio e porto seguro de nossa família; à Valderez Rivani, a "Fia", que abdicou de sua vida pessoal e profissional a fim de zelar pela saúde de nosso Pai; ao César, pela doação, desprendimento e principalmente pelo dom de nos fazer rir, mesmo nos momentos mais difíceis.
Agradecemos de modo especial: a nossa Mãe, Serafina, a "Véia", companheira e amiga fiel por longos e inesquecíveis 67 anos. Sua perseverança na fé inabalável em Cristo Nosso Senhor, fez dela o esteio e porto seguro de nossa família; à Valderez Rivani, a "Fia", que abdicou de sua vida pessoal e profissional a fim de zelar pela saúde de nosso Pai; ao César, pela doação, desprendimento e principalmente pelo dom de nos fazer rir, mesmo nos momentos mais difíceis.
Por fim, agradecemos a toda a equipe médica e de enfermagem
do Hospital Vera Cruz, em especial aos Drs. Marcos Gonçalves e Róbson Giacomim,
nossos companheiros inseparáveis nesta última jornada.
A Família.
Patos de Minas, março
de 2011.
... ainda na Folha Patense, na mesma data:
O maior legado que nosso Pai nos deixou foi a vida simples, cheia de dignidade, honradez, amizade,
sensatez e bondade.
Fez da educação o seu sacerdócio. Perambulou pela frieza dos
números, sem jamais perder a ternura.
Foi um homem generoso, ajudava por ajudar. Era alheio à postura
da sociedade separada e distinta. Acreditava essencialmente no talento do ser
humano e quando vislumbrava algum, não media esforços para fazer chegar a ele
as oportunidades.
Foi um homem destemido, convicto em seus propósitos e sempre
firme em suas decisões. Nos momentos de dificuldade, não se escondia, fazia-se
notar.
Dono de gênio indomável e língua afiada, não escolhia
interlocutores.
A nós, seus filhos, bradava: "...não precisa me
respeitar...
ter medo basta". Dizia-nos ainda: "... a
autoridade de Pai, só perco no cemitério...".
Felizmente, meu Pai, - perder a autoridade - o senhor não conseguiu. Será, eternamente, nossa autoridade maior. Esteja sempre de sentinela, olhando por nós, para que possamos honrar sempre o seu legado.
Felizmente, meu Pai, - perder a autoridade - o senhor não conseguiu. Será, eternamente, nossa autoridade maior. Esteja sempre de sentinela, olhando por nós, para que possamos honrar sempre o seu legado.
Descanse em paz.
Fonte: http://www.folhapatense.com.br/
Sessão: 040.1.54.O - Data: 17/03/2011 - Hora: 14:54 - Fase: PE
Orador: JOSÉ HUMBERTO,
Patos de Minas - MG
. . . . Enfim, são muitos assuntos de enorme
importância.
Mas, com sua licença,
Sr. Presidente, e com a dos nobres colegas aqui presentes, faço hoje uso desta
tribuna não para debater assuntos que nos ocupam, mas para fazer uma homenagem
póstuma a um grande cidadão patense, o já saudoso amigo René de Deus Vieira.
René foi um brilhante professor da rede pública, que, por
longos anos, iluminou os caminhos de inúmeros alunos em Patos de Minas, cidade
em que viveu, criou sua família e conquistou a admiração de todos, bem como
enorme respeito e reconhecimento.
Ao nos deixar, o
Prof. René deixou, não apenas à sua família, mas a toda a comunidade, um enorme
legado, um exemplo de vida simples, mas cheia de dignidade, honradez, amizade,
sensatez e bondade. Fez da educação o seu sacerdócio. Mestre da Matemática, perambulou pela frieza dos números, sem jamais
perder sua humanidade e ternura.
Foi um homem
generoso, ajudava por ajudar. Era totalmente alheio a certas posturas da vida
em sociedade. Acreditava essencialmente no talento do ser humano. Quando
vislumbrava algum talento, não media esforços para fazer chegar a essa pessoa
as oportunidades.
Foi um homem
destemido, convicto de seus propósitos e sempre firme em suas decisões.
Exatamente nos momentos de dificuldades, não se escondia, fazia-se notar. Dono
de um gênio considerado indomável e de língua afiada, não escolhia
interlocutores, mostrando a todos a marca de uma grande personalidade.
Faço minhas essas
palavras que são da própria família. Em nome de toda a comunidade patense e de
todas as cidades que compõem a região, manifesto os nossos agradecimentos ao
Prof. René pelos 92 anos em que nos brindou com o seu trabalho e seu exemplo.
Na pessoa da Sra.
Serafina, sua grande companheira, abraçamos toda a família e externamos o nosso
sentimento de consternação por essa enorme perda. Pedimos a Deus que lhes
concedam o consolo e a resignação. A todos da família e aos amigos, o meu
abraço fraterno.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
Fonte: http://www.camara.gov.br
JORNAL DA CÂMARA
Brasília, quarta-feira, 30 de março de 2011 - Ano 13 Nº 2589
- Geral
PLENÁRIO - Professor
RenêJosé Humberto (PHS-RJ) lamentou o falecimento de Renê de Deus Vieira, professor de Patos de Minas. “O professor foi um exemplo de vida simples, amizade, sensatez e bondade. Ele fez da educação o seu sacerdócio, sempre acreditando no talento do ser humano”, afirmou.
- Inúmeros Telegramas.
- A casa onde viveu por muitos e muitos anos em Patos de
Minas, foi visitada durante meses por inúmeras pessoas: amigos, parentes,
colegas de trabalho, ex-alunos, companheiro de jornada , que não ficaram
sabendo da sua morte.
- Gestos de apoio à esposa Serafina Mundim Vieira,
levando conforto ao seu saudoso coração.
Agradeço imensamente a DEUS pelas bençãos que nos concedeu através do convívio com nosso querido pai, em sua longa existencia, 92 anos!
Agradeço, de coração, a todos em nome de nossa família, a todas as manifestações de carinho, apoio e consolo.
Cada dia, uma poesia - DEUS
Hoje
dia 31 de outubro de 2012, está fazendo 1 ano , 7 meses e 26 dias que meu pai o grande Professor René de Deus Vieira
nos deixou.
Ele partiu, mas está vivo, sempre presente em nossos corações. Jamais será esquecido. Deixou para sua família e as pessoas que o conheceram grandes lições de vida.
Todas as poesias e poemas que postei durante este mês foram recitados, por este amado Pai e ilustre Professor.
Ele usava das poesias para nos ensinar as coisas da vida. Recitava também porque gostava muito.
Termino o mês postando uma poesia que ele nos recitava para dizer quem era DEUS.
Ainda faltam algumas poesias que ele recitava com frequência. Eu as postarei nos dias seguintes.
São poesias lindas, que nos dizem muito e que hoje são esquecidas. Aguardem!...
DEUS
Eu
me lembro! eu me lembro! – Era pequeno
E brincava na praia; o mar brania,
E, erguendo o dorso altivo, sacudia
A branca escuma para o céu sereno.
E eu disse a minha mãe nesse momento:
“_ Que dura orquestra! Que furor insano!
Que pode haver maior do que o oceano
Ou que seja mais forte do que o vento?”
Minha mãe a sorrir olhou p'r'os céus
E respondeu: “– Um ser, que nós não vemos,
É maior do que o mar, que nós tememos,
Mais forte que o tufão! Meu filho, é - Deus!”
Cassimiro José Marques de Abreu: nascido em Barra de S. João em 4 de janeiro de 1837, foi, sem dúvida, o mais popular dos poetas brasileiros e um dos mais notáveis líricos da segunda geração romântica; é o poeta do amor e da saudade.
O pai o destinara à carreira comercial, para a qual, entretanto, não sentia a menor vocação. Mandado para Portugal, dalí voltou quatro anos depois, então já minado o frágil organismo pela pertinaz doença que o devia levar em pouco ao túmulo; Faleceu em 18 de outubro de 1860, en Nova Friburgo.
O poeta pôde ainda ouvir, na laranjeira à tarde, cantar do sabiá;
Primaveras, versos publicados em 1850, é a sua principal obra.
Ele partiu, mas está vivo, sempre presente em nossos corações. Jamais será esquecido. Deixou para sua família e as pessoas que o conheceram grandes lições de vida.
Todas as poesias e poemas que postei durante este mês foram recitados, por este amado Pai e ilustre Professor.
Ele usava das poesias para nos ensinar as coisas da vida. Recitava também porque gostava muito.
Termino o mês postando uma poesia que ele nos recitava para dizer quem era DEUS.
Ainda faltam algumas poesias que ele recitava com frequência. Eu as postarei nos dias seguintes.
São poesias lindas, que nos dizem muito e que hoje são esquecidas. Aguardem!...
E brincava na praia; o mar brania,
E, erguendo o dorso altivo, sacudia
A branca escuma para o céu sereno.
E eu disse a minha mãe nesse momento:
“_ Que dura orquestra! Que furor insano!
Que pode haver maior do que o oceano
Ou que seja mais forte do que o vento?”
Minha mãe a sorrir olhou p'r'os céus
E respondeu: “– Um ser, que nós não vemos,
É maior do que o mar, que nós tememos,
Mais forte que o tufão! Meu filho, é - Deus!”
O pai o destinara à carreira comercial, para a qual, entretanto, não sentia a menor vocação. Mandado para Portugal, dalí voltou quatro anos depois, então já minado o frágil organismo pela pertinaz doença que o devia levar em pouco ao túmulo; Faleceu em 18 de outubro de 1860, en Nova Friburgo.
O poeta pôde ainda ouvir, na laranjeira à tarde, cantar do sabiá;
Primaveras, versos publicados em 1850, é a sua principal obra.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Pelo caminho da vida
Cada poema possuia um signficado para meu pai e para nós.
Este ele lia para a nossa mãe, que ouvia comovida . . .
Assim... Ambos assim, no mesmo passo,
Iremos percorrendo a mesma estrada;
Tu no meu braço trêmulo amparada,
Eu amparado, no teu lindo braço.
Ligados neste arrimo, embora escasso,
Venceremos as urzes da jornada...
E tu te sentirás menos cansada
E eu menos sentirei o meu cansaço.
E assim, no auxilio destes bens supremos
Que para mim o teu carinho trouxe,
Placidamente pela vida iremos,
Calcando maguas, afastando espinhos,
Como se a escarpa desta Vida fôsse
O mais suave de todos os caminhos.
Mário Veloso Paranhos Pederneiras nasceu no Rio de Janeiro, em 2 de novembro de 1867 , conhecido como Mário Pederneiras, foi um poeta brasileiro.
Filho de Manuel Veloso Paranhos Pederneiras e de Isabel França e Leite, e irmão de Oscar Pederneiras. Mário Pederneiras foi um carioca que com suas poesias encantou a muitos. Em suas obras se torna claro seu jeito único de escrever e a forma como mostrava ao mundo o que pensava.
Casou-se com Júlia Méier em 1897 no Rio de Janeiro e teve três filhas, Maria da Graça, Leonora e Iolanda, as quais faleceram durante a vida de seu pai.
Sua formação literária teve forte influência dos poetas franceses da escola simbolista e também de grandes poetas de língua portuguesa da época como Cruz e Sousa, Antônio Nobre e Cesário Verde, seus poemas eram marcados pela simplicidade e pelos temas da vida diária.
Estreou na imprensa por volta de 1878, quando tornou-se colaborador do jornal estudantil O Imparcial, do Grêmio Literário Artur de Oliveira, no Rio de Janeiro. Entre 1895 e 1908 foi fundador, com Gonzaga Duque e Lima Campos, diretor e redator das revistas Rio Revista, Galáxia, Mercúrio e revista Fon-Fon. Esta última foi responsável pela segunda fase do movimento simbolista.
Mário Pederneiras começou a escrever poemas em 1900, quando publicou seu primeiro livro de poesias, Agonias. Foi ainda colaborador de A Gazeta de Notícias, Sans Dessous, O Tagarela e Novidades. Cursou o primeiro e o segundo ano da Faculdade de Direito de São Paulo, entre 1887 e 1888, mas não chegou a concluí-la.
Na década de 1910, trabalhou na elaboração em prosa da revista teatral inédita Dona Bernarda e da comédia também inédita O Dr. Mendes Camacho.
Conquistou o terceiro lugar no concurso para Príncipe dos Poetas Brasileiros, em 1913, no Rio de Janeiro. Mário Pederneiras foi um simbolista que se tornou, com o tempo, o cantor das alegrias da vida doméstica e também das tristezas que a assaltam. Poeta do lar, da saudade das filhas mortas, da gratidão à esposa, das coisas humildes como as árvores da rua, a mangueira do quintal, o passeio público, etc.
Em 1921, foi lançado seu livro póstumo Outono, com versos de 1914, ilustrado por Calixto e João Carlos.
Faleceu no Rio de Janeiro em 8 de fevereiro de 1915.
Nota: Esta biografia foi extraída do site Wikipedia.
Este ele lia para a nossa mãe, que ouvia comovida . . .
Assim... Ambos assim, no mesmo passo,
Iremos percorrendo a mesma estrada;
Tu no meu braço trêmulo amparada,
Eu amparado, no teu lindo braço.
Ligados neste arrimo, embora escasso,
Venceremos as urzes da jornada...
E tu te sentirás menos cansada
E eu menos sentirei o meu cansaço.
E assim, no auxilio destes bens supremos
Que para mim o teu carinho trouxe,
Placidamente pela vida iremos,
Calcando maguas, afastando espinhos,
Como se a escarpa desta Vida fôsse
O mais suave de todos os caminhos.
Mário Veloso Paranhos Pederneiras nasceu no Rio de Janeiro, em 2 de novembro de 1867 , conhecido como Mário Pederneiras, foi um poeta brasileiro.
Filho de Manuel Veloso Paranhos Pederneiras e de Isabel França e Leite, e irmão de Oscar Pederneiras. Mário Pederneiras foi um carioca que com suas poesias encantou a muitos. Em suas obras se torna claro seu jeito único de escrever e a forma como mostrava ao mundo o que pensava.
Casou-se com Júlia Méier em 1897 no Rio de Janeiro e teve três filhas, Maria da Graça, Leonora e Iolanda, as quais faleceram durante a vida de seu pai.
Sua formação literária teve forte influência dos poetas franceses da escola simbolista e também de grandes poetas de língua portuguesa da época como Cruz e Sousa, Antônio Nobre e Cesário Verde, seus poemas eram marcados pela simplicidade e pelos temas da vida diária.
Estreou na imprensa por volta de 1878, quando tornou-se colaborador do jornal estudantil O Imparcial, do Grêmio Literário Artur de Oliveira, no Rio de Janeiro. Entre 1895 e 1908 foi fundador, com Gonzaga Duque e Lima Campos, diretor e redator das revistas Rio Revista, Galáxia, Mercúrio e revista Fon-Fon. Esta última foi responsável pela segunda fase do movimento simbolista.
Mário Pederneiras começou a escrever poemas em 1900, quando publicou seu primeiro livro de poesias, Agonias. Foi ainda colaborador de A Gazeta de Notícias, Sans Dessous, O Tagarela e Novidades. Cursou o primeiro e o segundo ano da Faculdade de Direito de São Paulo, entre 1887 e 1888, mas não chegou a concluí-la.
Na década de 1910, trabalhou na elaboração em prosa da revista teatral inédita Dona Bernarda e da comédia também inédita O Dr. Mendes Camacho.
Conquistou o terceiro lugar no concurso para Príncipe dos Poetas Brasileiros, em 1913, no Rio de Janeiro. Mário Pederneiras foi um simbolista que se tornou, com o tempo, o cantor das alegrias da vida doméstica e também das tristezas que a assaltam. Poeta do lar, da saudade das filhas mortas, da gratidão à esposa, das coisas humildes como as árvores da rua, a mangueira do quintal, o passeio público, etc.
Em 1921, foi lançado seu livro póstumo Outono, com versos de 1914, ilustrado por Calixto e João Carlos.
Faleceu no Rio de Janeiro em 8 de fevereiro de 1915.
Nota: Esta biografia foi extraída do site Wikipedia.
domingo, 28 de outubro de 2012
A Orfã na costura
Volto a ser criança quando leio esta poesia; parece que foi escrita por mim!
Meu pai gostava muito de recita-la para nós . . .
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era todo o meu amor;
Seu cabelo era tão louro
Que nem uma fita de ouro
Tinha tamanho esplendor.
Suas madeixas luzidas
Lhe caiam tao compridas;
Que vinham-lhe os pés beijar;
Quando ouvia as minhas queixas
Em suas áureas madeixas
Ela vinha me embrulhar.
Também quando toda fria
A minha alma estremecia,
Quando ausente estava o sol,
Os cabêlos compridos,
Como fios aquecidos,
Serviam-me de lençol.
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era todo o meu amor;
Seus olhos eram suaves
Como o gorgeio das aves,
Sôbre a choça do pastor.
Minha mãe era mui bela,
-- Eu me lembro tanto dela,
De tudo o quanto era seu!
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Em tudo e tudo meu.
Os meus passos vacilantes
Foram por largos instantes
Ensinados pelos seus.
Os meus lábios mudos, quedos,
Abertos pelos seus dedos,
Proununciaram-me -- Deus!
Mais tarde quando acordava,
Quando a aurora despontava,
Erguia-me a sua mão;
Falando pela voz dela,
Eu repetia singela
Uma formosa oração.
Minha mãe era mui bela,
-- Eu me lembro tanto dela,
De tudo o quanto era seu!
Tenho em meu peito guardadas
Suas palavras sagradas,
Co'os risos que ela me deu.
Estes pontos que eu imprimo,
Estas quadrinhas que eu rimo,
Foi ela que me ensinou;
As vozes que eu pronuncio,
Os cantos que eu balbucio,
Foi ela quem nos formou.
Minha mãe -- diz-me esta vida,
Diz-me também esta lida,
Este retroz, esta lâ;
Minha mãe! -- diz-me este canto;
Minha mãe! -- diz-me este pranto;
Tudo me diz: -- Minha mãe!
Minha mãe era mui bela,
-- Eu me lembro tanto dela,
De tudo o quanto era seu!
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era tudo e tudo meu.
Luiz José Junqueira Freire: Sua curta existência foi cheia de sofrimentos dissabores e desenganos. Nasceu na Bahia, em 31 de julho de 1822.
Para seus desgostos íntimos pensou achar remédio fazendo-se frade, mas,não encontrando na vida clausural alívio à dor que o martirizava, ao fim de três anos deixou o mosteiro.
No ano seguinte, em 24 de junho de 1855, falecia, em sua cidade natal, o malogrado poeta.
Junqueira Freire é um genuino representante do lirismo brasileiro.
Bibliografia -- Inspirações do Claustro, Contradições Poéticas, Elementos de Retórica Nacional.
Meu pai gostava muito de recita-la para nós . . .
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era todo o meu amor;
Seu cabelo era tão louro
Que nem uma fita de ouro
Tinha tamanho esplendor.
Suas madeixas luzidas
Lhe caiam tao compridas;
Que vinham-lhe os pés beijar;
Quando ouvia as minhas queixas
Em suas áureas madeixas
Ela vinha me embrulhar.
Também quando toda fria
A minha alma estremecia,
Quando ausente estava o sol,
Os cabêlos compridos,
Como fios aquecidos,
Serviam-me de lençol.
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era todo o meu amor;
Seus olhos eram suaves
Como o gorgeio das aves,
Sôbre a choça do pastor.
Minha mãe era mui bela,
-- Eu me lembro tanto dela,
De tudo o quanto era seu!
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Em tudo e tudo meu.
Os meus passos vacilantes
Foram por largos instantes
Ensinados pelos seus.
Os meus lábios mudos, quedos,
Abertos pelos seus dedos,
Proununciaram-me -- Deus!
Mais tarde quando acordava,
Quando a aurora despontava,
Erguia-me a sua mão;
Falando pela voz dela,
Eu repetia singela
Uma formosa oração.
Minha mãe era mui bela,
-- Eu me lembro tanto dela,
De tudo o quanto era seu!
Tenho em meu peito guardadas
Suas palavras sagradas,
Co'os risos que ela me deu.
Estes pontos que eu imprimo,
Estas quadrinhas que eu rimo,
Foi ela que me ensinou;
As vozes que eu pronuncio,
Os cantos que eu balbucio,
Foi ela quem nos formou.
Minha mãe -- diz-me esta vida,
Diz-me também esta lida,
Este retroz, esta lâ;
Minha mãe! -- diz-me este canto;
Minha mãe! -- diz-me este pranto;
Tudo me diz: -- Minha mãe!
Minha mãe era mui bela,
-- Eu me lembro tanto dela,
De tudo o quanto era seu!
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era tudo e tudo meu.
Luiz José Junqueira Freire: Sua curta existência foi cheia de sofrimentos dissabores e desenganos. Nasceu na Bahia, em 31 de julho de 1822.
Para seus desgostos íntimos pensou achar remédio fazendo-se frade, mas,não encontrando na vida clausural alívio à dor que o martirizava, ao fim de três anos deixou o mosteiro.
No ano seguinte, em 24 de junho de 1855, falecia, em sua cidade natal, o malogrado poeta.
Junqueira Freire é um genuino representante do lirismo brasileiro.
Bibliografia -- Inspirações do Claustro, Contradições Poéticas, Elementos de Retórica Nacional.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Ilusões da vida
Simples palavras com grande conteúdo . . . uma bela lição de vida !
Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu;
Foi espectro de homem - não foi homem,
Só passou pela vida -não viveu.
Francisco Otaviano de Almeida Rosa bachalerou-se em Direito pela Faculdade Jurídica de São Paulo e exerceu vários cargos públicos. Como enviado extraordinário e ministro plenipotenciário do Brasil no Prata, negociou o tratado da tríplice aliança contra Lopez, o ditador do Paraguai. Deputado e Senador pela província do Rio de Janeiro; por vezes recusou a pasta de Ministro.
Inspirado poeta, Francisco Otaviano deixou-nos, além, das poesias originais, excelentes traduções de Byron, Shakespeare, Th. Hood e outros poetas célebres.
Bibliografia:Traduções e Poesias de Francisco Otaviano, publicadas pelo Dr. Amorim Carvalho, Rio de Janeiro, 1881 (só se tiraram cinquenta exemplares); os Cantos de Selma com prefácio de Salvador de Mendonça tip. da "República", 1872, Rio de Janeiro. (Edição de sete exemplares), e muitas poesias dispersas por jornais, revistas, folhetos e coletâneas. Como jornalista, Francisco Otaviano redigiu várias folhas e colaborou em muitas.
Nasceu no Rio de Janeiro em 26 de junho de 1825 e faleceu, também no Rio de Janeiro, em 28 de maio de 1889.
Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu;
Foi espectro de homem - não foi homem,
Só passou pela vida -não viveu.
Francisco Otaviano de Almeida Rosa bachalerou-se em Direito pela Faculdade Jurídica de São Paulo e exerceu vários cargos públicos. Como enviado extraordinário e ministro plenipotenciário do Brasil no Prata, negociou o tratado da tríplice aliança contra Lopez, o ditador do Paraguai. Deputado e Senador pela província do Rio de Janeiro; por vezes recusou a pasta de Ministro.
Inspirado poeta, Francisco Otaviano deixou-nos, além, das poesias originais, excelentes traduções de Byron, Shakespeare, Th. Hood e outros poetas célebres.
Bibliografia:Traduções e Poesias de Francisco Otaviano, publicadas pelo Dr. Amorim Carvalho, Rio de Janeiro, 1881 (só se tiraram cinquenta exemplares); os Cantos de Selma com prefácio de Salvador de Mendonça tip. da "República", 1872, Rio de Janeiro. (Edição de sete exemplares), e muitas poesias dispersas por jornais, revistas, folhetos e coletâneas. Como jornalista, Francisco Otaviano redigiu várias folhas e colaborou em muitas.
Nasceu no Rio de Janeiro em 26 de junho de 1825 e faleceu, também no Rio de Janeiro, em 28 de maio de 1889.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
No Jardim
"Tête sacrée! enfant
aux cheveux blonds"
V. Hugo
Recitava esta com muita alegria . . . Ela estava sentada em meus joelhos
E brincava comigo - o anjo louro,
E passando as mãozinhas no meu rosto
Sacudia rindo os seus cabelos de ouro.
E eu, fitando-a abençoava a vida!
Feliz sorvia nesse olhar suave
Todo o perfume dessa flôr da infância,
Ouvia alegre o gazear dessa ave!
Depois, a borboleta da campina,
Toda azul - como os olhos grandes dela -
A doudejar gentil passou bem junto,
E beijou-lhe da face a rosa bela.
- "Oh! como é linda! disse o louro anjinho,
No doce acento da virgínia fala -
Mamãe me ralha se eu ficar cansada,
Mas - dizia a correr - hei-de apanha-la".
Eu seguí-a, chamando-a, e ela rindo
Mais corria gentil por entre as flôres,
E a flôr dos ares, abaixando o vôo,
Mostrava as asas de brilhantes côres.
Iam, vinham, à roda das acácias,
Brincavam no rosal, nas violetas.
E eu de longe dizia: - "Que doidinhas!
Meu Deus! Meu Deus! são duas borboletas! . . .
Cassimiro José Marques de Abreu: nascido em Barra de S. João em 4 de janeiro de 1837, foi, sem dúvida, o mais popular dos poetas brasileiros e um dos mais notáveis líricos da segunda geração romântica; é o poeta do amor e da saudade.
O pai o destinara à carreira comercial, para a qual, entretanto, não sentia a menor vocação. Mandado para Portugal, dalí voltou quatro anos depois, então já minado o frágil organismo pela pertinaz doença que o devia levar em pouco ao túmulo; Faleceu em 18 de outubro de 1860, en Nova Friburgo.
O poeta pôde ainda ouvir, na laranjeira à tarde, cantar do sabiá;
Primaveras, versos publicados em 1850, é a sua principal obra.
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