sábado, 3 de novembro de 2012

Pálida e Loira

Continuando com as poesias que meu pai recitava...


Morreu! deitada em seu  caixão estreito
Pálida e loira, muito loira e fria,
Seus lábios tristíssimos sorriam
Como um sonho divinal desfeito.

Lírio que murcha ao despertar do dia
Foi repousar noseu  derradeiro leito
Com as mãos de neves erguidas sobre o peito
Pálida e loira, muitoo  loira e fria.

Tinha a cor das rainhas das Baladas
Das antigas monjas maceradas
No pequenino esquife em que dormia.

Veio a morte e levou-a em sua garra adunca
E nunca mais pude esquece-la! Nunca!
Pálida e loira, muito looira e fria!...


António Joaquim de Castro Feijó, poeta e diplomata português, nasceu 1 de Juhno de 1859, em Ponte de Lima, e morreu a 21 de junho de 1917, em Estocolmo. Deixou uma obra reveladora de tendências diversas, entre o Parnasianismo, o Romantismo, o Decadentismo e o Simbolismo, e influências ecléticas, que vão de Leconte de Lisle, Théodore de Banville e Gautier a Vítor Hugo, de Leopardi a Baudelaire, de Guerra Junqueiro a João Penha. Em 1883, forma-se em Direito na Universidade de Coimbra, onde tem por companheiros Luís de Magalhães, Manuel da Silva Gaio e Luís de Castro Osório, com quem viria a fundar, em 1880, a Revista Científica e Literária de Coimbra. De finais dos anos 70 até início da década de 90, colaborará em vários periódicos, como a Revista Literária do Porto, Novidades, Revista de Coimbra, Museu Ilustrado, O Instituto, Arte. Em 1882, publica o seu primeiro volume de poesias, Transfigurações, marcadas pela temática filosófica e pelo tom épico, que revelam um pessimismo e uma acusação nítida das imperfeições morais e sociais que o rodeiam. Seguem-se Líricas e Bucólicas (1884) e À Janela do Ocidente (1885), reveladoras de um lirismo mais depurado. Em 1886, ingressa na carreira diplomática, sendo primeiro cônsul no Brasil e depois ministro de Portugal em Estocolmo. Aí viria a desposar uma jovem sueca, Mercedes Lewin, cuja morte prematura influenciaria uma certa temática fúnebre patente na sua obra. No Cancioneiro Chinês (1890), coleção de poesias adaptadas a partir de uma versão francesa, revela o gosto pelo exotismo orientalista. Em Bailatas, obra publicada em 1907 sob o pseudónimo de Inácio de Abreu e Lima, parece ter a intenção de parodiar o Decadentismo, mas a verdade é que muitas dessas poesias atingem consonância com a própria sensibilidade simbolista. As suas últimas obras, particularmente a coletânea póstuma Sol de inverno, editada em 1922, espelham o lirismo sóbrio, o simbolismo depurado, os motivos melancólicos, outonais, e os temas da saudade e da morte, que são algumas das características da obra de António Feijó


Nota:
Esta poesia eu a copiei do livro de recordações - Páginas Seletas, de minha Serafina, do tempo em que ela estudava em Araxá - MG - 30.08.1937.

António Feijó. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-11-03].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$antonio-feijo,2>.


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