sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

História do Carnaval

Carnaval é tempo de festa, de alegria, de folia, de liberdade, de descanso e também fuga para um outro lugar que nos proporciona ficar longe dos festejos, daquela agitação danada. Mas qualquer maneira, jeito que escolhemos curti-lo ele não deixa de ser uma grande festa popular e tem muita história para ser contada, ele está na raiz de alguns de nossos mais importantes patrimônios culturais: Rio de Janeiro, Recife, Salvador onde esta festa é mais forte, onde o povo brasileiro mais participa.

Li essa história no dia 22 de fevereiro de 2004, em um agradável evento de pré-carnaval, promovido pelo Grupo Encantadores de Histórias, do qual faço parte também. 








O Carnaval é uma festa como todos nós sabemos tipicamente brasileira, mas não originalmente brasileira.

O Carnaval é uma  festa que se originou na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C. época em que  os Gregos comemoravam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Inicialmente era uma festa condenada pela Igreja, pois ao se evoluir os gregos e romanos passaram a adotar práticas e bebidas condenadas pela igreja.
Mas em 590 d.C o carnaval passou  a ser uma comemoração adotada pela Igreja Católica e foi aí que o carnaval passou a ser uma festa comemorada através de cultos oficiais, onde às práticas inseridas antes foram fortemente modificadas aos olhos do povo já que fugia das reais origens da festa, como os festejos pela alegria e pelas conquistas.
Em 1723, no início do século XVIII aproximadamente, o carnaval chegou ao Brasil pela influência europeia e era realizada através de desfiles de pessoas fantasiadas e mascaradas. 
Mas só em meados do século XVIII que a festa foi grandemente adotada pela população brasileira, tornando o carnaval uma das maiores comemorações do país. 
Veio substituir uma festa popular meio esquisita trazidas pelos portugueses:  o entrudo onde os foliões comemoravam jogando água, farinha e ovos uns nos outros.
Esta prática foi logo  proibida pois causava grandes constrangimentos nas pessoas que não  aceitavam tais brincadeiras. Com esta proibição foi que começaram as passeatas nas ruas do Rio de Janeiro,  organizadas pelas pessoas ricas da cidade.

Chiquinha Gonzaga foi a primeira dama do carnaval do Brasil que saiu pelas ruas cantando acompanhada pelos foliões fantasiados e mascarados: 

Oh, abram alas que eu quero passar!
Oh, abram  alas que eu quero passar! 

E a festa do carnaval tomava gosto e alegria.

E veio o  “ Bloco da Alegria”, o primeiro bloco que desceu do morro e foi pelas ruas da cidade cantando como Chiquinha Gonzaga. Dançavam e pediam passagem para as suas fantasias.
Este bloco era  formado por pessoas simples mas muito bem fantasiada:  de índios, baianas, Sheiks, animais e tantas outros. Eles dançavam, se divertiam e chamavam quem estava triste nas janelas.

Interessante é que este Bloco da Alegria, se esbaldava também fazendo o “entrudo”, que já era proibido. Quando encontravam  com  a polícia gritavam: Chi!!! Olha lá! Parece que  a polícia resolveu encrencar com  a festa de rua. Se divertir podiam , mas jogar água e farinha nos outros não, dizia a polícia. E assim o entrudo  foi  sumindo,,  sumindo até desaparecer de vez. Mas a festa não,continuou com muitas marchas de carnaval,  ginga e diversão!

E ai  surgiu o “Zé Pereira” um português, dono  de uma venda que foi chamado  pelo bloco da Alegria para brincar. Mas ele não foi só, levou um bumbo e um tambor para matar a saudade das festas que se faziam nas ruas de Portugal. O  o Bloco da Alegria delirou com  a novidade. E gritavam:
Viva o Zé Pereira... que veio de Portugal dar mais molho ao nosso carnaval.
 Mais animados o bloco dos foliões transpirando de alegria continuavam subindo  e descendo pelas ruas da cidade, puxando todos, contagiados pelas músicas e pelo bumbo e o tambor do Zé Pereira. E apareceram as pessoas fantasiadas de Pierrô, Colombina e Arlequim.

O Pierrô na França, é sinônimo de “mané besta”, imbecil, tolo. Esta figura, foi copiada  mesmo do tipo Polichinelo, o Pierrô que viveu no início  do século XVI,  quando integrava o teatro cômico nas peças de Carolet, Fuzeler,  Le Sago, Parnad e outros autores, com  sucesso absoluto na literatura napolitana.

A Colombina é uma das figuras principais da Comédia italiana, que aparecia geralmente nos teatros de feira. Ela  era principalmente, uma viúva e irrequieta soubrette. Esta personagem  foi modificando ao passar por diversos teatros, mas em geral conservou-se o vestuário branco,  avental verde e pequena touca posta  com graça.
Durante suas apresentações nos teatros ora era amante de Pierrô e Arlequim, ora mulher de Arlequim e Pierrô.

Arlequim é o nome famoso de um diabo,  gênio do mal, espírito das trevas, vivido com façanhas nas lendas da Idade Média. Na antiga comédia ele aparecia vestido no teatro com retalhos de panos de cores diferentes.
Dependendo  do país em que era teatralizado o Arlequim aparecia de modos diferentes como:
Para os gregos – aparecia mascarado,tendo na mão  direita uma varinha, com poderes excepcionais para o mal.
A Itália – criou o Arlequim a seu modo, isto é, pondo-lhe uma mão na espada e na cabeça, um chapéu preto de abas alongadas.
Na Alemanha, na Espanha e no Brasil, o Arlequim se nacionalizou, dentro das características de seu povo.
Em Paris – originou-se das fantasias coloridas, confeccionadas por costureiros famosos, pois o uso das máscara  foi proibido. 

Até hoje no Brasil o Pierrô é o apaixonado  pela Colombina que vive só cantando:

Por causa de uma Colombina, 
acabou chorando... 
acabou chorando!

Mas a festa de carnaval continua alegre com o Bloco da Alegria. 

O Rei Momo outra figura do carnaval, aparece,  ele é  embaixador do carnaval seguido por uma comitiva de belas odaliscas. Ele é uma figura carnavalesca que surgiu nos grandes, bailes de carnaval.
Ele como diz a tradição enquanto as pessoas se divertiam nos grandes salões o Rei se deliciava com a ceia que o aguardava sobre a mesa decorada, pois além de muito alegre é também comilão e beberrão, razão pela foi inspirado no deus grego Dionisio.

Saindo do  Rio de Janeiro o Bloco  da Alegria  contagiou Recife onde a folia ganhou as ruas da cidade ao som contagiante do frevo, a grande alucinação do carnaval pernambucano.

Daí dessa fervura  o Bloco da Alegria pediu passagem e desceu para as praças e ruas da cidade de Salvador. Lá a coisa esquentou, pois juntou aos blocos que catavam e batucavam em seus instrumentos de percursão, celebrando  o  jeito baiano de brincar o  carnaval.
Em Salvador há também os trios elétricos, caminhões de som em que os músicos colocaram toda a a eletricidade que viram brotar das ruas.  

Depois dessa trajetória toda pelas regiões do Brasil voltou o Bloco da Alegria para as ruas do Rio  de Janeiro e  caiu de novo na farra, cantando uma marcha-rancho em homenagem à cidade maravilhosa:

Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil!
Cidade maravilhosa, coração do meu Brasil!

Hoje tem gente de todo mundo querendo participar da alegria do nosso bloco. E pra atender a todos, o bloco se multiplicou em muitos e, se transformou em uma enorme ESCOLA DE SAMBA.

O que era festa de rua passou a ser um grande show fechado, com ingressos que acontece no sambódromo da cidade maravilhosa e é considerado o maior espetáculo da Terra. 
Mas, a festa continua!

Vejam a alegria de nosso Grupo: Encantadores de Histórias



Fontes da Pesquisa:

1 - Livro: Carnaval
Autor: Tony Brandão
Ilustrações: Denise Rochael
Editora:  Studio Nobel

2 - Pesquisas diversas na Internet