Um Soneto que meu pai também recitava.
Era um hábito antigo que ele tinha:
Entrar dando com a porta nos batentes.
__ Que te fez esta porta? A mulher vinha
E interrogava. Ele, cerrando os dentes:
Nada! Traze o jantar. __ Mas à noitinha
Calmava-se; feliz, os inocentes
Olhos revê da filha e a cabecinha
Lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.
Uma vez, ao tornar à casa, quando
Erguia a aldraba, o coração lhe fala:
__ Entra mais devagar... Para, hesitante...
Nisso nos gonzos range a velha porta,
Ri-se, escancara-se. E ele vê na sala
A mulher como doida e a filha morta!
Nota:
Na época em que meu pai estudava no ginnasial, era costume estas poesias, sonetos e poemas tristes. Mas eram um triste que nos ensinava alguma coisa.
Luiz Caetano Pereira Gumarães Júnior - pensador e poeta lírico dos mais estimados, tendo vindo do romantismo, foi desde a publicação dos Sonetos e Rimas, um perfeito parnasiano, não só pela expressão poética, como ainda pelo esmêro da forma e correção do verso: como Joséphin Soulary.
Luiz Guimarães cinzeia os seus sonetos com uma dexteridade maravilhosa.
Pertenceu a várias associações de letras e ciências estrangeiras e foi da Academia Brasileira de Letras, cadeira Pedro Luíz.
Bibliografia: Deixou, entre outros trabalhos: Corimbos, História para gente alegre, Filigramas, Contos sem pretensão, Noturnos, Sonetos e Rimas, Mont`Alverne, A. Carlos Gomes e outros perfis biográficos, etc.
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