sábado, 10 de novembro de 2012

Soneto


Este meu pai recitava bastante. Ele gostava muito..

Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Rachel, serrana bela
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por premio pretendia.
 
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com ve-la
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Rachel lhe deu a Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Assim se lhe negava a sua pastora,
Como se anão tivera merecida.
 
Começou a servir outros sete anos
Dizendo: Mais servíra, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida.

 
Nota:

- Cautela : astúcia.

- Como se não tivera merecido: No português arcaico era frequente a concordância do particípio passado dos tempos compostos (com ter e haver) com o complemento objetivo.

Ex: Os favores que de ti tenho recebidos. As mercês que delle tenho recebidas.

- Servíra -- Fora: em lugar de serviria, fosse.

 
                                Trecho da obra de Camões, "Os Lusíadas", mais conhecido .
                                                           Meu pai recitava sempre.
 
 
                                   "As armas e os barões assinalados
                                    Que, da ocidental praia lusita
                                     Por mares nunca de antes navegados
                                     Passaram ainda além da Taprobana,
                                     Em perigos e guerras esforçados,
                                     Mais do que prometia a força humana,
                                     E entre gente remota edificaram
                                     Novo reino, que tanto sublimaram.
                                     .....
                                     Cantando espalharei por toda a parte,
                                     Se a tanto me ajudar o engenho e arte."
 
 Frase famosa de Camães: 
 "Amor é fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente."

Luís Vaz de Camões (1525-1580) foi poeta português. Autor do poema "Os Lusíadas", uma das obras mais importantes da Literatura portuguesa, que celebra os feitos marítimos e guerreiros de Portugal. É o maior poeta do Classicismo português.
Luís de Camões (1525-1580) nasceu em Coimbra ou Lisboa, não se sabe o local exato nem o ano de seu nascimento, supõe-se por volta de 1525. Filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá e Macedo, ingressa no Exército da Coroa de Portugal e em 1547 embarca como soldado para a África, participa da guerra contra os Ceuta, no Marrocos, onde em combate perde o olho direito.
Em 1552, de volta à Lisboa frequenta tanto os serões da nobreza como as noitadas populares. Numa briga feriu um funcionário real e foi preso. Embarca para a Índia em 1553, onde participa de várias expedições militares. Em 1556 vai para a China, também em várias expedições. Em 1570 volta para Lisboa, já com os manuscritos do poema "Os Lusíadas", que foi publicado em 1572, com a ajuda do rei D. Sebastião.
Luís de Camões é o poeta erudito do Renascimento, se inspira em canções ou trovas populares e escreve poesias que lembram as cantigas medievais. Revela em seus poemas uma sensibilidade para os dramas humanos, amorosos ou existenciais. A maior parte da obra lírica de Camões é composta de sonetos e redondilhas, de uma perfeição geométrica, sem abuso de artifícios, tudo parece estar no lugar correto.
No século XVI, em todos os reinos católicos, os livros deveriam ter a aprovação da Inquisição para serem publicados. Isso ocorreu com "Os Lusíadas", conforme texto de frei Bartolomeu, onde comenta as características da obra e ressalva que a presença de deuses pagãos não devem preocupar porque não passa de recurso poético do autor.
Uma das amadas de Camões foi a jovem chinesa Dinamene, que morreu afogada em um naufrágio. Diz a lenda que Camões conseguiu salvar o manuscrito de Os Lusíadas, segurando com uma das mãos e nadando com a outra. Camões escreve vários sonetos lamentando a morte da amada. O mais famoso é "A Saudade do Ser Amado". Camões deixou além de "Os Lusíadas", um conjunto de poesias líricas e as comédias "El-Rei Seleuco", "Filodemo" e "Anfitriões".
Luís Vaz de Camões morre em Lisboa, Portugal, no dia 10 de junho 1580, em absoluta pobreza.
Fonte:
Você está visualizando a biografia resumida de Luís de Camões. Esta biografia foi atualizada em 13/09/2012.
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