quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Um dia Histórico

Em seu artigo "A História do Brasil", Dr. José Maria Paranhos do Rio Branco, o Barão do Rio Branco,começou assim escrevendo há muitos anos: 
 
"A nossa história é cheia de emocionantes epsódios, de dúvidas que despertam e prendem a curiosidade, de lendas poéticas que seduzem e de problemas cuja solução desafia a sagacidade do estudioso"...

"" Um ilustre poeta inglês prestou um imenso e enestimável serviço a nós todos, escrevendo uma notável História do Brasil. Meditando a nossa história, Roberto Southey ficou compenetrado da importancia e do valor futuro do nosso Brasil. E, ao terminar a sua grande obra, diz-nos que escolheu esta grande tarefa  "na sua virilidade madura e que a propôs como objeto de uma vida dedicada à literatura, no que esta tem de mais elevado e dígno." E isto  fez aquele estrangeiro ilustre,  porque, como ele próprio o diz, ficou convencido, ao estudar os trabalhos dos fundadores do Brasil, "que  das empresas desses homens obscuros surgiram consequências mais amplas e provavelmente mais duradouras que as conquistas de Alexandre e Carlos Magno." "(*)

(*) Trecho do artigo "A História do Brasil", escrito por Eduardo Prado, em sua  "Coletâneas" - Vol. III, S.Paulo - Escola Tipográfica Salesiana - 1906.

O artigo "A História do Brasil" escrito por Barão do Rio Branco foi retirado do capítulo VII - História e Geografia - do livro Antologia Brasileira - Coletânea em prosa e Versos dos Escritores Nacionais de Eugênio Werneck -sexta edição - 1916, páginas - 357/361).


Hoje, todos nós brasileiros, comemorando a Proclamação da República, sentimos o mesmo orgulho desses ilustres homens.

Como não poderia deixar de homenagear este dia tão importantes para todos nós, leiam o Hino a Proclamação da República, escrito por Medeiros e Albuquerque e música de Leopoldo Miguez.

Estou colocando-o também em homenagem ao meu pai Prof. René de Deus Vieira que foi o maior patriota que conheci.

Hino da Proclamação da República

Seja um pálio de luz desdobrado
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel, que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperança de um novo porvir!
Com visões de triunfo embale
Quem por ele lutando surgir!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua vóz!.

Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre país...
Hoje o rubro lampejo de aurora
Acha irmãos, não tiranos hostís.
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte, que, puro,
Brilha, ovante, da Pátria no altar!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua vóz!.

Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue no nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos;
É de amor nossa força e poder,
Mas da guerra nos transes supremos
Hei de ver-nos lutar e vencer!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua vóz!.

Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado
Sobre as púrpuras régias de pé!
Ei-a, pois, brasileiros, avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso país, triunfante,
Livre terra de livres irmãos!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua vóz!.


José Joaquim de Campos da Costa de Mediros e Albuquerque, nasceu em Recife - PE em 4 de setembro de 1867. Morreu no Rio de Janeiro - RJ em 9 de junho de 1934.
Prosador, poeta e jornalista . Escritor reputado pela sua erudição e pelo seu belo talento, Medeiros e Albuquerque tem publicado: Canções da Decadência (1883 - 1887); Pecados (1887-1888); O Remorso ( 1889); Um Homem  prático (1898); Mãe Tapuya (conto); Poesias - ed. definitiva e Em voz alta, conferência. É autor do Hino da República, música de Leopoldo Miguez.
Medieros e Albuquerque tem redigido vários jornais e colaborado em muitos outros. Representou na Câmara Federal seu Estado natal. Foi diretor Geral da Instrução pública no Distrito Federal.
Pertenceu à Academia Brasileira , cadeira José Bonifácio, o moço.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A Vingança da Porta

Um Soneto que meu pai também recitava.

Era um hábito antigo que ele tinha:
Entrar dando com a porta nos batentes.
__ Que te fez esta porta? A mulher vinha
E interrogava. Ele, cerrando os dentes:

Nada! Traze o jantar. __ Mas à noitinha
Calmava-se; feliz, os inocentes
Olhos revê da filha e a cabecinha
Lhe afaga, a rir,  com as rudes mãos trementes.

Uma vez, ao tornar à casa, quando
Erguia a aldraba, o coração lhe fala:
__ Entra mais devagar... Para, hesitante...

Nisso nos gonzos range a velha  porta,
Ri-se, escancara-se. E ele vê na sala
A mulher como  doida e a filha morta!

Nota:

Na época em que meu pai estudava no ginnasial, era costume estas poesias, sonetos e poemas tristes. Mas eram um triste que nos ensinava alguma  coisa.

Luiz Caetano Pereira Gumarães Júnior - pensador e poeta lírico dos mais estimados, tendo vindo do romantismo, foi desde a publicação dos Sonetos e Rimas, um perfeito parnasiano, não só pela expressão poética, como ainda pelo esmêro da forma e correção do verso: como Joséphin Soulary.
Luiz Guimarães cinzeia os seus sonetos com uma dexteridade maravilhosa.
Pertenceu a várias associações de letras e ciências estrangeiras e foi da Academia Brasileira de Letras, cadeira Pedro Luíz.
Bibliografia: Deixou, entre outros trabalhos: Corimbos, História para gente alegre, Filigramas, Contos sem pretensão, Noturnos, Sonetos e Rimas, Mont`Alverne,  A. Carlos Gomes e outros perfis biográficos, etc.
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O Velho Rei

Um conto de Olavo Bilac.

Houve, em tempos que já vão longe, um rei poderoso, senhor de muitos povos e muitas léguas de terras. Ainda que viajasse sem cessar por muitos e muitos anos a fio, não conseguiria ele correr todos os seus domínios. E todos os povos o temiam, porque era conhecido de todo mundo a fama das suas riquezas.
De mês, em mês, chegavam ao seu palácio os emissários dos súditos, trazendo-lhe, com as homenagens deles, os presente riquíssimos: marfim e pérolas, ouro e diamantes, sedas e rebanhos.
E os seus celeiros estavam tão abundantemente providos de grãos, que ele poderia, numa época de fome geral, abrindo-os a todos os seus vassalos, que não tinham conta, alimentá-los fartamente durante todo um ano.
Esse poder sem limtes e essa riqueza sem termo haviam  embriagado  a alma do  velho rei. Já se não supunha homem, mas Deus. Tanta gente via a seus pés, adorando-o, que o seu coração se habituara a desprezar a humanidade, imaginando que ela só fora feita para o servir e temer. Só  se lembrava dos súditos para os oprimir. Aumentava os impostos e alargava as prisões. E a sua mão direita, que tanta gente podia fazer feliz, distribuindo esmolas e bênçãos, somente servia para assinar sentenças de morte. Condenava à pena última cem homens sem ler ao menos os seus nomes. E, se os lia, esquecia-os dalí a um minuto, para só pensar na febre de festas e de loucuras, em que empregava as noites e os dias, e em que perdia a saúde e a alma.
E sucediam-se as festas. Do escurecer ao alvoorecer, seu palácio, imenso como  uma cidade, suntuoso como um templo, resplandescente de luzes como um céu estrelado, ecoava com o barulho das danças, da música e do tinir dos copos.
Um dia, no explendido terraço, em que costuma dormir à sesta, o velho rei tinha diante de si uma lista de acusados. Não sabia nem queria saber quem eram,  se eram inocentes ou criminosos, se tinham cometido  alguma falta, ou se eram apenas homens ricos, cuja fortuna os seus ministros cobiçava. E preparava-se para, assinar a lista, quando se deteve a olhar um momento o filho mais moço, que brincava  junto dele. Era um principezinho louro e branco, de olhos azuis e inocentes como os olhos de um anjo. Ajoelhado sobre o mosaico precioso, que ladrilhava o terraço, estava inclinado para um aquário, e divertia-se vendo dentro dele os peixes dourados que nadavam. O velho rei, com o sorriso que lhe iluminava as barbas, ficou mirando com amor a criança, tão bela e tão  casta, filha do seu sangue e da sua alma. E tinha, esquecida na mão a pena fatal, de cujo bico pendia a vida de tantos homens...
De repente, o principezinho teve uma exclamação aflita. O rei viu-o curvar-se mais sobre o aquário, e meter-se na água as mãozinhas ansiosas. E a criança veio para ele, segurando com a ponta dos dedos alguma cousa que não via, de tão pequena que era.
__ Olha, Pai! Salvei-a! Ia afogar-se... Salvei-a!
O velho rei curvou-se para ver o que o filho trazia na mão. Era uma mosca feia, negra, pequenina, miserável, nojenta. Tinha as asas molhadas e não podia voar. O principezinho  colocou-a na palma da mão microscópica, e  virou-a para o lado  do sol. Daí a pouco a mosca reanimou-se e voou. A criança batia palmas:
__ Não fiz bem, Pai? Não é um crime deixar morrer uma criatura qualquer por falta de piedade,  Pai? Disseram-me que há homens que se matam  uns aos outros... Pai? Como é que se pode ter a maldade de matar um  homem? __ E o principezinho fixava no velho  rei os seus olhos azuis e inocentes como os de um anjo.
Nessa tarde o velho  rei não assinou nehuma sentença de morte.

- Do livro Contos Pátrios (para as crianças) __ Francisco Alves & Comp.

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- Este conto eu o copiei do livro: Antologia Brasileira - Seleta em  Prosa e Verso de Escritores Nacionais -  1948
   de Eugênio Werneck -26a. edição. - Livraria Francisco Alves

domingo, 11 de novembro de 2012

O Garoto

Papai gostava muito desta poesia.

Ei-lo  de pé na calçada mui lampeiro,
A ponta de um cigarro apreciando;
Tem nos lábios um sorriso prazenteiro,
Enquanto a baforada vai tragando.

Não tem pai, não tem mãe, não tem dinheiro,
Trabalha pouco e vai assim vagando
Sem destino, na rua o dia innteiro,
A fome a privação acalentando.

Roto chapéu, calças remendadas,
Fundas olheiras, faces encorvadas
dorme na pedra e sempre assim o vejo.

Mas muitas vezes quando em altas noites
A tiritar sozinho, chora o garotinho,
com saudades do materno beijo.

Observação:

Meu pai recitava sempre esta poesia, mas não sei qual é o seu autor,
nem em qual livro foi publicada. Se alguém souber, me conte; ficarei muito feliz.

sábado, 10 de novembro de 2012

A Flauta e o Sabiá

Em rico estojo  de veludo, pousado  sobre uma mesa de xarão, jazia uma flauta de prata.
Justamente por cima da mesa, em riquíssima gaiola, suspensa do teto, morava um sabiá.
Estando a sala em silêncio e descendo  um  raio  de sol sobre a gaiola, eis que o sabiá, contente, modula uma volata. Logo a flauta escarninha põe-se a casquinhar no estojo, como  a zombar do  módulo cantor,  silvestre.
__ De que te ris? Indaga o  pássaro. E a flauta, em resposta:
__ Ora esta! Pois tens coragem de lançar tais guinchos diante de mim?
__ E tu quem és,  ainda que mal pergunte.
__ Quem sou? Bem se vê que és um selvagem. Sou  a flauta. Meu inventor, Marsias, lutou com Apolo e venceu-o, por isso  o deus, despeitado, imolou-o. Lê os clássicos.
__ Muito prazer em conhecer... Eu sou um mísero sabiá da mata. Pobre de mim! Fui criado por Deus muito antes das invenções. Mas deixemos o que lá foi.
Dize-me: que fazes tu?
__ O  ofício rende pouco. Eu que o diga que não faço outra coisa. Deixarei, todavia, de cantar __ e antes nunca houvesse aberto  o bico, porque, talvez, sendo mudo não me houvessem escravizado __ Si, ouvindo a tua voz, convencer-me de que és superior a mim. Canta! Que eu aprecie o teu gorjeio e farei como for de justiça.
__ Que eu cante...?!
__ Pois não te parece justo o meu pedido?
__ Eu canto para regalo dos reis nos paços, a minha voz acompanha os hinos sagrados nas igrejas. Ao rítimo dos meus  delicados trilhos bailam as damas, guiam-se as endeixas das serenatas de amor, ao  luar. O meu canto é a harmoniosa inspiração dos gênios ou a rapsódia sentimental do povo.
__ Pois venha de lá esse primor. Aqui estou para ouví-lo e para proclamarte, sem inveja, a rainha do canto.
__ Isso agora não é possível.
__ Não é possível! Porque?
__ Não está cá o artista.
__ Que artista?
__ O meu senhor, de cujos lábios sai o sopro que transformo em melodia. Sem ele nada posso fazer.
__ Ah! É assim...?
__ Pois como há de ser?
__ Então, minha amiga __ modéstia à parte __ vivam os sabiás! Vivam os sabiás e todos os pássaros dos bosques, que cantam quando lhes apraz, tirando do próprio peito o alento com que fazem a melodia. Assim, da tua vanglória há muitos que se ufamam. Nada valem si os não amparam, não cantam si lhes não dão sopro, não si os não empurram. O sabiá voa e canta __ vai à altura porque tem asas, gorjeia porque tem voz. E sucede sempre serem os que vivem  do prestígio alheio, os que mais alegam triunfos. Flautas... Flautas... Cantas nos paços e nas catedrais... Pois vem daí a um duelo comigo.
E, ironicamente, a toda voz, pos-se a cantar o sabiá e a flauta de prata, no estojo de veludo... moita! Faltava-lhe o sopro.

Fabulário - Porto - 1907 - Livraria Chardron, Lelo & Irmão.

--xx--

Recontada por Coelho Neto no livro Antologia Brasileira - Seleta em Prosa e Verso de Escritores Nacionais-  Professor Eugênio Werneck
Edição atualizada - 26a. Edição - 1948
Livraria Francisco Alves - Editora Paulo de Azevedo Ltda - Rio de Janeiro - RJ

Conservei a originalidade do texto como Coelho o escreveu.
    

Soneto


Este meu pai recitava bastante. Ele gostava muito..

Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Rachel, serrana bela
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por premio pretendia.
 
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com ve-la
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Rachel lhe deu a Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Assim se lhe negava a sua pastora,
Como se anão tivera merecida.
 
Começou a servir outros sete anos
Dizendo: Mais servíra, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida.

 
Nota:

- Cautela : astúcia.

- Como se não tivera merecido: No português arcaico era frequente a concordância do particípio passado dos tempos compostos (com ter e haver) com o complemento objetivo.

Ex: Os favores que de ti tenho recebidos. As mercês que delle tenho recebidas.

- Servíra -- Fora: em lugar de serviria, fosse.

 
                                Trecho da obra de Camões, "Os Lusíadas", mais conhecido .
                                                           Meu pai recitava sempre.
 
 
                                   "As armas e os barões assinalados
                                    Que, da ocidental praia lusita
                                     Por mares nunca de antes navegados
                                     Passaram ainda além da Taprobana,
                                     Em perigos e guerras esforçados,
                                     Mais do que prometia a força humana,
                                     E entre gente remota edificaram
                                     Novo reino, que tanto sublimaram.
                                     .....
                                     Cantando espalharei por toda a parte,
                                     Se a tanto me ajudar o engenho e arte."
 
 Frase famosa de Camães: 
 "Amor é fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente."

Luís Vaz de Camões (1525-1580) foi poeta português. Autor do poema "Os Lusíadas", uma das obras mais importantes da Literatura portuguesa, que celebra os feitos marítimos e guerreiros de Portugal. É o maior poeta do Classicismo português.
Luís de Camões (1525-1580) nasceu em Coimbra ou Lisboa, não se sabe o local exato nem o ano de seu nascimento, supõe-se por volta de 1525. Filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá e Macedo, ingressa no Exército da Coroa de Portugal e em 1547 embarca como soldado para a África, participa da guerra contra os Ceuta, no Marrocos, onde em combate perde o olho direito.
Em 1552, de volta à Lisboa frequenta tanto os serões da nobreza como as noitadas populares. Numa briga feriu um funcionário real e foi preso. Embarca para a Índia em 1553, onde participa de várias expedições militares. Em 1556 vai para a China, também em várias expedições. Em 1570 volta para Lisboa, já com os manuscritos do poema "Os Lusíadas", que foi publicado em 1572, com a ajuda do rei D. Sebastião.
Luís de Camões é o poeta erudito do Renascimento, se inspira em canções ou trovas populares e escreve poesias que lembram as cantigas medievais. Revela em seus poemas uma sensibilidade para os dramas humanos, amorosos ou existenciais. A maior parte da obra lírica de Camões é composta de sonetos e redondilhas, de uma perfeição geométrica, sem abuso de artifícios, tudo parece estar no lugar correto.
No século XVI, em todos os reinos católicos, os livros deveriam ter a aprovação da Inquisição para serem publicados. Isso ocorreu com "Os Lusíadas", conforme texto de frei Bartolomeu, onde comenta as características da obra e ressalva que a presença de deuses pagãos não devem preocupar porque não passa de recurso poético do autor.
Uma das amadas de Camões foi a jovem chinesa Dinamene, que morreu afogada em um naufrágio. Diz a lenda que Camões conseguiu salvar o manuscrito de Os Lusíadas, segurando com uma das mãos e nadando com a outra. Camões escreve vários sonetos lamentando a morte da amada. O mais famoso é "A Saudade do Ser Amado". Camões deixou além de "Os Lusíadas", um conjunto de poesias líricas e as comédias "El-Rei Seleuco", "Filodemo" e "Anfitriões".
Luís Vaz de Camões morre em Lisboa, Portugal, no dia 10 de junho 1580, em absoluta pobreza.
Fonte:
Você está visualizando a biografia resumida de Luís de Camões. Esta biografia foi atualizada em 13/09/2012.
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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Sátiras e Epigramas



Papai sorria quando nos dizia estas Sátiras e Epigramas.
De algumas me lembro dele falando. De outras não me recordo.
 
125 -  Epigrama- Menina a la moda - de Joaquim Manuel de Macedo
 
__ "Ai, Maria! vem depressa,
Desaperta este colete!
Eu me sufoco ... ai, já temo
Estourar como um  foguete!"
 
__ "Nhanhãzinha está tão bela!
Mas, enfim, dá tantos ais..."
__ "Oh! espera! Estou bonita?
Pois então aperte mais".
 
121 - Epigrama - de Domingos José Gonçalves de Magalhães, (Visconde Araguaia)
 
__ É verdade que da Europa
Voltaste feito doutor?
__ Parece-te isto impossível?
É verdade, sim, senhor.
 
__ E por qual Academia?
E qual a ciência então?
__ Isso não sei: o diploma
É escrito em Alemão.
 
126 - Sátira - Um calvo pretencioso - de Laurindo Rabelo
 
Cabeça!... que desconsolo!
Cabeça!... fôrça é dize-lo:
Por fora não tem cabelo,
Por dentro não tem miolo.
 
128 - Epigrama - de Lúcio de Drumond Furtado de Mendonça
 
A natureza tem sanções felizes;
Rodeia o mal de penas pouco leves:
Assim, tu  tens de ouvir tudo o que dizes,
E tens de ler também tudo o  que escreves. 
 
119 - Epigrama - de Gregório de Matos
                A um esfaimado
(A um livreiro a quem acusaram de ter comido um canteiro de alfaces)
 
Levou um livreiro a dente
D`alfaces todo um canteiro,
E comeu, sendo livreiro,
Desencadernadamente;
Porém eu digo que mente
A quem disso o quer taxar;
Antes é para notar
Que trabalhou como um mouro,
Pois meter folhas no couro
Também é encadernar.
 
Sátira - A um procurador
 
Com tão má gambia andas tanto,
Tanto daqui para ali!
Procurador, não me enganas:
Tu procuras para ti.
 
Nota:
Gambia - corrupção de gamba, palavra italiana, que significa perna.
 
Sátira - A um avarento - de Francisco Manuel
 
Fábio, ao cair da noite húmida e fria,
Do chupado carão despe a alegria:
Não porque chore o sol, do dia enfeite;
Mas porque ascende a luz, que gasta azeite.
 
Sátira - A moléstia e a cura - de Franciso Manuel
 
Aqui jaz um homem rico
 Nesta rica sepultura:
Escapava  da moléstia,
Se não morresse da cura.
 
124 - Epigrama -  de Pe. Correia de Almeida
 
Vossemecê inda ignora
Que eu sou um homem de bem?
__ Ficarei sabendo agora!
Que data a promoção tem?
 
123 -Epigrama -O doutor Saracura - de Pe. Correia de Almeida
 
O doutor Saracura
A curar começará:
Mas enquanto ele cura,
O doente não sara.
 
122 - Epigrama- A um galeno - de Pe. Correia de Almeida
 
Um galeno foi à caça;
Encontrou um passarinho;
__ Espera lá que eu te curo...
... E matou o coitadinho...
 
Observação:
 
Epigramas - Poesia breve, satírica. Dito mordaz e picante
 
Sátiras -  Commposição poética que visa a censurar ou  ridicularizar defeitos ou vícios.
Escrito picante ou maldizente.
S.Fig. Troça, zombaria
 
 
 
 
 
 

sábado, 3 de novembro de 2012

Pálida e Loira

Continuando com as poesias que meu pai recitava...


Morreu! deitada em seu  caixão estreito
Pálida e loira, muito loira e fria,
Seus lábios tristíssimos sorriam
Como um sonho divinal desfeito.

Lírio que murcha ao despertar do dia
Foi repousar noseu  derradeiro leito
Com as mãos de neves erguidas sobre o peito
Pálida e loira, muitoo  loira e fria.

Tinha a cor das rainhas das Baladas
Das antigas monjas maceradas
No pequenino esquife em que dormia.

Veio a morte e levou-a em sua garra adunca
E nunca mais pude esquece-la! Nunca!
Pálida e loira, muito looira e fria!...


António Joaquim de Castro Feijó, poeta e diplomata português, nasceu 1 de Juhno de 1859, em Ponte de Lima, e morreu a 21 de junho de 1917, em Estocolmo. Deixou uma obra reveladora de tendências diversas, entre o Parnasianismo, o Romantismo, o Decadentismo e o Simbolismo, e influências ecléticas, que vão de Leconte de Lisle, Théodore de Banville e Gautier a Vítor Hugo, de Leopardi a Baudelaire, de Guerra Junqueiro a João Penha. Em 1883, forma-se em Direito na Universidade de Coimbra, onde tem por companheiros Luís de Magalhães, Manuel da Silva Gaio e Luís de Castro Osório, com quem viria a fundar, em 1880, a Revista Científica e Literária de Coimbra. De finais dos anos 70 até início da década de 90, colaborará em vários periódicos, como a Revista Literária do Porto, Novidades, Revista de Coimbra, Museu Ilustrado, O Instituto, Arte. Em 1882, publica o seu primeiro volume de poesias, Transfigurações, marcadas pela temática filosófica e pelo tom épico, que revelam um pessimismo e uma acusação nítida das imperfeições morais e sociais que o rodeiam. Seguem-se Líricas e Bucólicas (1884) e À Janela do Ocidente (1885), reveladoras de um lirismo mais depurado. Em 1886, ingressa na carreira diplomática, sendo primeiro cônsul no Brasil e depois ministro de Portugal em Estocolmo. Aí viria a desposar uma jovem sueca, Mercedes Lewin, cuja morte prematura influenciaria uma certa temática fúnebre patente na sua obra. No Cancioneiro Chinês (1890), coleção de poesias adaptadas a partir de uma versão francesa, revela o gosto pelo exotismo orientalista. Em Bailatas, obra publicada em 1907 sob o pseudónimo de Inácio de Abreu e Lima, parece ter a intenção de parodiar o Decadentismo, mas a verdade é que muitas dessas poesias atingem consonância com a própria sensibilidade simbolista. As suas últimas obras, particularmente a coletânea póstuma Sol de inverno, editada em 1922, espelham o lirismo sóbrio, o simbolismo depurado, os motivos melancólicos, outonais, e os temas da saudade e da morte, que são algumas das características da obra de António Feijó


Nota:
Esta poesia eu a copiei do livro de recordações - Páginas Seletas, de minha Serafina, do tempo em que ela estudava em Araxá - MG - 30.08.1937.

António Feijó. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-11-03].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$antonio-feijo,2>.