sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Sátiras e Epigramas



Papai sorria quando nos dizia estas Sátiras e Epigramas.
De algumas me lembro dele falando. De outras não me recordo.
 
125 -  Epigrama- Menina a la moda - de Joaquim Manuel de Macedo
 
__ "Ai, Maria! vem depressa,
Desaperta este colete!
Eu me sufoco ... ai, já temo
Estourar como um  foguete!"
 
__ "Nhanhãzinha está tão bela!
Mas, enfim, dá tantos ais..."
__ "Oh! espera! Estou bonita?
Pois então aperte mais".
 
121 - Epigrama - de Domingos José Gonçalves de Magalhães, (Visconde Araguaia)
 
__ É verdade que da Europa
Voltaste feito doutor?
__ Parece-te isto impossível?
É verdade, sim, senhor.
 
__ E por qual Academia?
E qual a ciência então?
__ Isso não sei: o diploma
É escrito em Alemão.
 
126 - Sátira - Um calvo pretencioso - de Laurindo Rabelo
 
Cabeça!... que desconsolo!
Cabeça!... fôrça é dize-lo:
Por fora não tem cabelo,
Por dentro não tem miolo.
 
128 - Epigrama - de Lúcio de Drumond Furtado de Mendonça
 
A natureza tem sanções felizes;
Rodeia o mal de penas pouco leves:
Assim, tu  tens de ouvir tudo o que dizes,
E tens de ler também tudo o  que escreves. 
 
119 - Epigrama - de Gregório de Matos
                A um esfaimado
(A um livreiro a quem acusaram de ter comido um canteiro de alfaces)
 
Levou um livreiro a dente
D`alfaces todo um canteiro,
E comeu, sendo livreiro,
Desencadernadamente;
Porém eu digo que mente
A quem disso o quer taxar;
Antes é para notar
Que trabalhou como um mouro,
Pois meter folhas no couro
Também é encadernar.
 
Sátira - A um procurador
 
Com tão má gambia andas tanto,
Tanto daqui para ali!
Procurador, não me enganas:
Tu procuras para ti.
 
Nota:
Gambia - corrupção de gamba, palavra italiana, que significa perna.
 
Sátira - A um avarento - de Francisco Manuel
 
Fábio, ao cair da noite húmida e fria,
Do chupado carão despe a alegria:
Não porque chore o sol, do dia enfeite;
Mas porque ascende a luz, que gasta azeite.
 
Sátira - A moléstia e a cura - de Franciso Manuel
 
Aqui jaz um homem rico
 Nesta rica sepultura:
Escapava  da moléstia,
Se não morresse da cura.
 
124 - Epigrama -  de Pe. Correia de Almeida
 
Vossemecê inda ignora
Que eu sou um homem de bem?
__ Ficarei sabendo agora!
Que data a promoção tem?
 
123 -Epigrama -O doutor Saracura - de Pe. Correia de Almeida
 
O doutor Saracura
A curar começará:
Mas enquanto ele cura,
O doente não sara.
 
122 - Epigrama- A um galeno - de Pe. Correia de Almeida
 
Um galeno foi à caça;
Encontrou um passarinho;
__ Espera lá que eu te curo...
... E matou o coitadinho...
 
Observação:
 
Epigramas - Poesia breve, satírica. Dito mordaz e picante
 
Sátiras -  Commposição poética que visa a censurar ou  ridicularizar defeitos ou vícios.
Escrito picante ou maldizente.
S.Fig. Troça, zombaria
 
 
 
 
 
 

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