domingo, 7 de outubro de 2012

Ouvir Estrelas



Aos Apaixonados!  Esta meu Pai gostava muito de recitar.
 
 
- Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! - e eu vos direi, no entanto
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
 
E conversamos toda a noite, enquanto
A via látea como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda a procuro pelo céu deserto.
 
Direis agora: -Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?
 
E eu vos direi: - Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
 
Olavo dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro em 16 dezembro de 1865.

Cursou as Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e de Direito de São Paulo, as quais abandonou, para se entregar inteiramente às letras, a que votou toda uma existência de poeta e artista.

Como poeta, Bilac forma com Raimundo Correia e Alberto de Oliveira a grande trindade parnasiana.

Grande poeta, não só pelo vigor da inspiração e pela espontaneidade do estro como ainda pela correção de forma impecável, pela força, colorido e brilho de expressão.

Bilac que teve em grande estima a formosa língua em que escreveu não foi menos cuidadoso e correto na prosa. Notável orador.

Foi da Academia Brasileira, cadeira Gonçalves Dias.

O grande poeta morreu no dia 28 de dezembro de 1918. Ás 05h30min da manhã disse as derradeiras palavras: “Já raia a madrugada, deem-me café, vou escrever...”

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por seu comentário!