quarta-feira, 1 de abril de 2015

Mentira é coisa séria! Mas hoje pode!

Hoje o mundo todo comemora o Dia Internacional da Mentira.
Cada um comemora pregando uma mentira saudável, nada de exageros.
Hoje podemos dizer uma mentira e sorrir caçoando de quem  acredita. Ninguém vai incomodar com tal brincadeira.

 Mas vamos pensar juntos: Mentira é um tema polêmico. Uns gostam de sempre falar mentira para alguém apenas por brincadeira. Hoje é um desses dias, mas como todos estão atentos logo dizem:
___ Primeiro de abril, Dia da Mentira!
Outros já mentem por prazer. São os mentirosos compulsivos. Cuidado!...
Para estes e todas as crianças que ainda estão aprendendo o que é certo e errado. Quando devem ou não devem fazer uma brincadeira. Quando mentir para comemorar o Primeiro de Abril, como manda a tradição vai o conto de Coelho Neto, O Mentiroso como um alerta.

Mentira é coisa séria! 
Já dizia Coelho Neto muito bem esta verdade em seu conto O Mentiroso, no livro Contos Pátrios (para crianças) que reúne vários contos dele e de Olavo Bilac, publicado em 1921 pela Livraria Francisco Alves.

O conto O Mentiroso, retrata de uma maneira simples e  educativa o tema MENTIRA.
Vejam na íntegra:

O Mentiroso - de Coelho Neto

Podia jurrar! Riam-se dele. Mentia tanto, que ninguém dava crédito ao que dizia. Às vezes queixava-se de moléstias e, longe de o tratarem carinhosamente, repreendiam-no, ameaçavam-no, quando não lhe dobravam os exercícios de escrita; e, pobrezinho!
Muitas e muitas noites, ardendo de febre, debruçado à carteira, copiava compridas descrições e, tudo porque mentia.
Os mesmos companheiros repeliam-no quando ele aparecia contando um fato.
___ Ora, sai daqui, mentiroso! Pensas, então, que somos tolos?
Uma manhã desceu ao rio em companhia de outro. Chovera abundantemente dias antes, e o rio assoberbado, transbordara.
Os dois meninos hesitaram algum tempo antes de tirar as roupas. O mais velho, porém, nadador intrépido,  acoroçoou André, o mentiroso:
___ Vamos, a correnteza é insignificante e não precisamos ir para o meio do rio, Vamos!
Animado, André atirou-se ao rio. A correnteza, porém, começou a arrasta-lo, de sorte que, quando ele quis tomar pé, a água cobriu-lhe a cabeça. O outro boiava cantarolando.
De repente ouviu um grito angustiado:
___ Ai! ___ Voltou-se, e, não vendo André, teve um sobressalto; logo, porém, sorriu: ___ Pois sim!
Pensas que me enganas! ___ E continuou a nadar tranquilamente. Mas André não aparecia.  O menino ganhou a margem, lançou os olhos para os cantos desconfiados de que o companheiro houvesse escondido em alguma mouta para assusta-lo. Vendo, porém, que não aparecia, correu apressado para o colégio, levando a tristíssima noticia.
Desceram os empregados, e, atirando-se ao rio, procuraram o pequeno que as águas haviam arrebatado.
___ Eu bem ouvi o seu grito, bem ouvi, mas ele mentia tanto...
Dias depois, apareceu coberto de ervas e horrivelmente deformado o cadáver do pequeno André, e o companheiro, soluçou ainda: ___ Coitado! Mas foi por culpa dele. Mentia tanto!

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