terça-feira, 1 de abril de 2014

“April, April, er weiss nicht, was er will”

Vejam que crônica interessante, da autora Tatiana Belinky,  sobre o dia primeiro de abril:

Quando eu era pequena, ainda na Rússia, a nossa Fräulein, a governanta especializada, passava o dia comigo e meu irmãozinho, brincando e conversando em alemão. Ela nos lia e contava muitas histórias, cantava várias canções, recitava diversos poemas, e nos dizia muitos provérbios e ditos populares, quase sempre rimados. Tudo em alemão, como esse que encabeça esta crônica e que, traduzido, diz: “Abril, Abril, ele não sabe o que quer.

Isso porque, lá na Europa __ onde nós vivíamos antes de emigrar para o Brasil __ o mês de abril, bem no começo da primavera, quando o tempo muda muito, era conhecido como o mês mais instável do ano. Nunca se sabia o tempo que iria fazer no dia seguinte, e os boletins meteorológicos erravam muito. Faria frio ou calor, haveria chuva ou ventania, sol ou temporal? Ou mesmo dois ou três deles no mesmo dia? (Como aliás também acontece muito aqui em São Paulo...)

Pois é, abril prometia uma coisa e não a cumpria: a sua previsão do tempo na maior parte das vezes estava errada, portanto ele mentia! O tal mês de abril não era um sujeito confiável, não se podia acreditar nele.

Por isso, segundo a nossa Fräulein, o mês de abril ficou com fama de mentiroso, no mudo ocidental inteiro, inclusive no Brasil...

Foi por isso que alguém, não se sabe quando, teve a ideia de homenagear o caprichoso mês de abril com um dia dedicado especialmente a ele: o famoso Primeiro de Abril, o dia internacional da mentira!

Neste alegre dia, todas as mentiras são permitidas. É lícito apanhar o próximo desprevenido e engabelá-lo, pespegando-lhe uma eficiente mentira, mentirinha ou mentirona. Mentira essa que pode, de preferencia, não passar de engraçada e inocente brincadeira; mas também pode chegar a ser uma grande lorota, às vezes sem graça nenhuma, quando não mesmo maldosa e até perigosa. Coisa que, evidentemente, não é recomendável.

Mas é bom começar a pensar desde já em uma boa mentira, ou mesmo em algumas boas mentiras, dependendo do número de vítimas às quais elas serão destinadas no próximo Primeiro de Abril!

( E se preparar para não cair em uma delas!...)”


Crônica do livro Mentiras... E Mentiras de Tatiana Belinky, ilustrações de Sergio Kon, da Companhia das Letrinhas.

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