2 de abril é o Dia Internacional do Livro Infantil.
Em homenagem a esta data, nada melhor do que contar um pouco da vida de HANS CHRISTIAN ANDERSEN.
Sua vida foi como um conto
de fadas. Nasceu pobre, ficou órfão, mas a sua capacidade de imaginação foi
povoada pelas fadas do destino, que o transformaram em escritor, tornando-o
mundialmente querido e traduzido para inúmeras línguas.
Sua cidade natal é Odessa,
na Dinamarca. Nasceu em 2 de abril de 1805. Seu pai era sapateiro e sua mãe
lavadeira. Ele cresceu em um ambiente protetor e religioso, num país próspero
onde havia um certo equilíbrio entre ricos e pobres.
Viveu a infância num período
turbulento, durante o período que Napoleão avançou com vitórias. Seu pai foi um
combatente, que voltou para casa, já
inválido, dois anos depois.
Com a morte do pai, em 1814,
quando Andersen tinha apenas 9 anos de idade, sendo ele o único homem da casa,
passou a conviver com o sofrimento de sua avó, sua mãe e sua irmã, quando as
mesmas lhes cobravam a obrigação de salvar a família.
Todas viam nele uma espécie
de salvador. Elas acreditavam na profecia de uma cigana que passara pela cidade
e leu nas cartas, ele, o menino de 9 anos apenas, teria um destino próspero.
Essa profecia veio mais tarde ser concretizada pelas suas obras.
Por ter sido tão cobrado
pelas mulheres de sua família, assumiu cedo a responsabilidade adulta e começou
a trabalhar em vários pequenos serviços para ganhar algum dinheiro para o
sustento da família.
Ele tentou, neste período,
ser sapateiro como o pai.
Foi nesta época difícil de
vida, que, Hans Christian Andersen começou ouvir histórias nos grupos de
trabalho das fiandeiras, nos serões familiares, ou quaisquer outras ocasiões.
Foi daí, então, que surgiu
em seu imaginário a semente da arte popular que, mais tarte, ou tornaria o
escritor Hans Christian Andersen, o famoso Andersen dos Contos Folclóricos
Nórdicos, transmitidos, oralmente, de geração, para geração.
Hans Christian Andersen,
ainda menino, encantou-se por estes contos nórdicos e começou a ler o que seu
pai lia para a família nas noites frias de inverno, ao pé do fogo.
Ele leu as histórias das mil
e uma noites, trechos de comédias populares, como O Tolo Oleiro de
Estanho, do famoso escritor do século
VIII, Ludwig Olberg.
Todas estas leituras, que
semearam o seu imaginário, levaram-no para a literatura e teatro.
Alguns de seus biógrafos
registram que Andersen, na adolescência, chegou a montar um teatrinho de
fantoches, inventando situações e confeccionando, ele próprio, a roupa dos
bonecos. Por esta razão, sua mãe sonhou, para ele, a profissão de alfaiate; mas
Andersen aspirava outra coisa.
Ingressou no teatro, por ser
a grande atração popular da época.
Aos 14 anos, através de um
livro que lhe emprestaram, conheceu o teatro de Shakespeare, que o levou para
fora de Odessa.
Foi para Copenhagen, depois
de convencer a mãe que lá se cumpriria a profecia da cigana.
O menino, que apenas tinha
curso primário, sonhava ser aceito em uma grande companhia de teatro.
Frustrado por não ser aceito
em nenhuma companhia teatral, pois, não tinha estudos suficientes, passou a
trabalhar para sobreviver, como aprendiz de marceneiro.
Nunca deixou de ler e,
nestas leituras, conheceu o romance de Balzac e Walter Scott.
Tentou escrever pequenos
contos ou novelas, mas, seu sonho era o teatro.
Não desistiu e teve uma nova
oportunidade, quando aproximou-se do diretor de uma academia de música, o
musicista italiano Siboni, que, simpatizando com o jovem, convidou-o para
exibir seus talentos em um jantar oferecido a amigos, em sua casa.
Em meio à exibição de canto
e declamação, Hans Christian Andersen ficou emocionado e desmanchou-se em
lágrimas, incidente este que lhe abriu caminho para o futuro consagrador.
Alguns dos presentes o
encaminharam para os estudos de latim, alemão, inglês, história e conto.
Conseguiram para ele
pequenos papeis de figurante, em pequenos espetáculos e incentivaram-no a
oferecer uma das suas tragédias ao Teatro
Real mas, não obteve êxito.
Também neste tempo, ele
conheceu o conselheiro de estado e membro da direção do Teatro Real, Jonas
Collins, o qual, reconhecendo o seu talento, resolveu adotá-lo, com a condição
de que estudasse, durante 2 anos, para adquirir a cultura básica indispensável
à criação artística.
Concluídos os 2 anos, em
1831, quando já estava com 26 anos de idade, o Sr. Jonas Collins lhe conseguiu
uma bolsa de estudos para um estágio na Alemanha, onde descobriu o mundo da
Alta Cultura.
Em 1833, terminado este
estágio de estudos, foi contemplado com nova bolsa, concedida pelo Rei
Frederico VI, para um roteiro de viagens culturais pela Alemanha, países
baixos, Bélgica, França, Suíça e Itália.
Andersen tornou-se hóspede
de famílias nobres e abastadas, os Mecenas que protegiam artistas ou escritores
de talento, dedicados exclusivamente à arte.
Foi nesta época em que
Andersen revelou-se um Contador de Histórias, que fascinava crianças e adultos.
Ele comentou em uma de suas
anotações:
“Ao inventar histórias, eu
mergulho no fundo do coração, apanho uma ideia para os adultos e, então,
conto-as para as crianças, sempre me lembrando que papai e mamãe escutam,
muitas vezes, e que preciso dar-lhes qualquer coisa para pensar.
Tenho matéria em abundância,
mais do que para qualquer outro gênero poético. É como se cada muro, cada
florzinha me dissesse:
´Olha-me um pouco, então
compreendereis minha história’ “
De suas viagens, foi na
Itália que se demorou mais, seduzido, não só por suas belezas naturais e suas
poéticas ruinas do passado, mas, principalmente, pela nova literatura que
surgia, influenciada pelo novo movimento romântico.
Na roda de amigos, era
chamado de “O Improvisador”.
Foi esse o título - O
Improvisador – que ele deu ao seu primeiro romance de estreia, lançado na
Itália em 1835, cujo laço autobiográfico é narrado em tom de lenda.
Foi com este livro
publicado, que Andersen, aos 30 anos de idade, consagrou-se como escritor.
“O Patinho Feio” começava a
se transformar em “Cisne”.
Após esta publicação,
durante anos, precisamente de 1835 a 1858, Andersen escreveu os “Cadernos de
Contos Infantis” que o consagraram universalmente, como uma das vozes mais
singelas e ingênuas, vividas mais pelas emoções do que pela argúcia do
intelecto.
Ao longo de 50 anos de vida
literária, Andersen visitou inúmeros países onde foi recebido com honraria:
Inglaterra, Suécia, Bélgica, Áustria, Grécia, Turquia, Espanha, Portugal e
Países do Norte da África.
Fez amigos por toda parte e
conheceu, familiarmente, alguns dos imortais das letras e das artes: Victor
Hugo, Heine, Charles Dickens e Franz Liszt.
Hans Christian Andersen
faleceu em 04 de agosto de 1875, na sua casa de campo de Rolighed, em
Copenhagen.
Esta foi a trajetória do
homem e do escritor que abriu as portas da literatura escrita para crianças.
Nada mais justo, que comemorarmos
o aniversário de Hans Christian Andersen, 02/04, como o DIA
INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL.
Fonte:
_______. Revisitando o
universo de Hans Christian Andersen. In ANDERSEN, Hans C. Contos de Hans
Christian Andersen. Tradução de Silva Duarte; Prefácio e comentários de Nelly
Novaes Coelho. São Paulo: Paulinas, 2011. p. 5 – 19. (Coleção Contos da fonte)